Hospital Shifa após duas semanas de operações israelenses na regiãoAFP
Publicado 01/04/2024 08:45 | Atualizado 01/04/2024 08:48
Os soldados de Israel se retiraram nesta segunda-feira (1) do hospital Al Shifa de Gaza, após duas semanas de uma operação militar que deixou um rastro de destruição e cadáveres no maior centro médico do território palestino, devastado após quase seis meses de guerra.
Sem uma perspectiva concreta para uma trégua, os combates prosseguiram em Gaza, onde pelo menos 60 pessoas morreram durante a noite e madrugada, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo movimento islamista palestino Hamas desde 2007.

Em meio à guerra com o Hamas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi operado no domingo de uma hérnia. O gabinete informou que a cirurgia foi um "sucesso" e que o chefe de Governo, de 74 anos, "iniciou sua recuperação".

A polícia israelense anunciou nesta segunda-feira a detenção de Sabah Salam Haniyeh, irmã do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, no âmbito de uma investigação antiterrorista. A mulher, de 57 anos, tem nacionalidade israelense e mora em Tel Sheva, no sul do país.

A operação militar israelense que começou em 18 de março no hospital Al Shifa, o maior de Gaza, provocou muitos danos e, após a saída dos militares, as imagens registradas por um jornalista da AFP mostram edifícios destruídos e escombros.

Israel anunciou a retirada de suas tropas do hospital depois que os soldados "cumpriram" sua missão. Durante as operações, o Exército afirmou que matou quase 200 combatentes.

Hamas pede 'desculpas'
O Ministério da Saúde de Gaza informou que, após a saída dos soldados, "dezenas" de cadáveres foram encontrados no hospital, incluindo alguns em estado de decomposição.

Um médico disse à AFP que mais de 20 corpos foram recuperados e que alguns foram esmagados por veículos militares durante a retirada. Israel já havia executado uma operação contra este hospital, alegando que era utilizado pelo Hamas como centro de operações, o que o movimento islamista nega.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciou no domingo que um bombardeio israelense contra o hospital de Al Aqsa, no centro de Gaza, matou quatro pessoas e deixou 17 feridos.

A guerra em Gaza começou em 7 de outubro, após o ataque sem precedentes do Hamas em território israelense, quando 1.160 pessoas foram assassinadas, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.

Os comandos islamistas também sequestraram mais de 250 pessoas e 130 permanecem retidas em Gaza, incluindo 34 que teriam sido mortas, segundo Israel.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma campanha militar contra o território, que deixou mais de 32.700 mortos até o momento, segundo os dados mais recentes divulgados pelo governo do Hamas.

Nesta segunda-feira, o Hamas pediu "desculpas" à população de Gaza pelas dificuldades provocadas pelo conflito, mas reiterou sua vontade de prosseguir com a luta para alcançar "a vitória e a liberdade" dos palestinos.

Movimento de protesto cresce em Israel
O Exército israelense anunciou que 600 soldados morreram desde 7 de outubro. O governo está cada vez mais pressionado para negociar com o Hamas devido aos protestos que exigem a renúncia de Netanyahu e a libertação dos reféns que foram levados para Gaza.

Milhares de israelenses protestaram no domingo diante do Parlamento em Jerusalém e gritaram frases contra o governo de Netanyahu. Durante a mobilização, os manifestantes conseguiram bloquear uma das principais avenidas da cidade e acenderam fogueiras nas ruas enquanto agitavam bandeiras de Israel.

Catar, Egito e Estados Unidos atuam como mediadores nas negociações para uma trégua, mas um dirigente do Hamas questionou a possibilidade de progresso nas conversações devido às grandes divergências entre as partes. Netanyahu acusou o Hamas de "endurecer" suas posições.

O objetivo de um cessar-fogo é permitir a libertação de reféns israelenses e a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza. As organizações humanitárias internacionais alertam para o risco de fome enfrentado pelos 2,4 milhões de habitantes do território palestino.

Depois que Netanyahu cancelou uma visita de uma delegação israelense a Washington para analisar os planos do seu governo de invadir Rafah, cidade no sul de Gaza onde mais de um milhão de pessoas estão aglomeradas, uma fonte do governo de Israel indicou que está prevista uma reunião com funcionários do governo americano por videoconferência nesta segunda-feira.
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