Há pressão internacional para o fim da guerraAFP
Publicado 09/04/2024 11:56
O movimento islamista Hamas informou, nesta terça-feira (9), que está examinando uma proposta de trégua de várias semanas na Faixa de Gaza e a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, apesar da rejeição de algumas de suas exigências.

Após seis meses de conflito violento na Faixa de Gaza, os mediadores do Catar, Egito e Estados Unidos apresentaram uma proposta de trégua temporária em três etapas, segundo uma fonte do Hamas. A primeira etapa contempla um cessar-fogo de seis semanas para permitir a troca de reféns sob poder do Hamas por prisioneiros palestinos em Israel.

O movimento islamista afirmou que "aprecia" o esforço dos mediadores, mas acusou Israel de não responder a nenhum de seus pedidos durante a negociação, sem revelar mais detalhes. "Apesar disso, os líderes do movimento estudam a proposta apresentada", afirmou o Hamas em um comunicado.

A proposta de cessar-fogo mais recente também contempla uma trégua de seis semanas e uma primeira troca de reféns, mulheres e crianças, por até 900 prisioneiros palestinos, segundo uma fonte do Hamas.

O acordo permitiria ainda o retorno dos civis deslocados ao norte da Faixa de Gaza e a entrada de 400 a 500 caminhões de ajuda alimentar por dia no território, segundo a fonte.

Com a proposta mais recente nas mãos do movimento palestino, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, afirmou que "vai depender do Hamas" alcançar uma trégua.

Em rodadas anteriores de negociações com os mediadores, o Hamas exigiu um cessar-fogo, a retirada israelense da Faixa de Gaza e o controle das entregas de ajuda.

A única trégua respeitada até o momento durou uma semana em novembro, quando 78 reféns e centenas de prisioneiros palestinos foram libertados.

Retirada israelense
No fim de semana passado, Israel anunciou que retirou suas forças da cidade de Khan Yunis, no sul, para permitir a recuperação de suas tropas e preparar a próxima fase da guerra, que incluirá uma incursão na cidade de Rafah, também no sul da Faixa de Gaza. Na localidade estão aglomerados 1,5 milhão de palestinos, a maioria deslocados pela atual guerra.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou na segunda-feira que uma data já foi estabelecida para a operação, apesar dos vários apelos de potências estrangeiras e organizações humanitárias contra a iniciativa.

Para a ofensiva, Israel deseja comprar barracas para alojar quase 500 mil pessoas, afirmou à AFP uma fonte governamental que pediu anonimato. Netanyahu insiste que uma intervenção terrestre em Rafah é necessária para a vitória sobre o Hamas.

A guerra começou em 7 de outubro, quando o Hamas invadiu o sul de Israel e executou um ataque sem precedentes, no qual assassinou 1.170 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. Entre os mortos estavam mais de 300 militares.

Os combatentes palestinos também sequestraram mais de 250 pessoas, das quais 129 ainda estão retidas em Gaza, incluindo 34 que as autoridades israelenses acreditam que foram mortas.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva que matou 33.360 pessoas em Gaza, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde desse território palestino, governado pelo Hamas.

Ao menos 1,7 milhão de pessoas, dos 2,4 milhões de habitantes do território palestino, tiveram que abandonar suas casas por causa da guerra.

Na segunda-feira, uma missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) visitou o hospital Al Shifa, destruído pelo Exército israelense, na Cidade de Gaza, ao norte. "O local, que era um lugar onde a vida nascia, agora só evoca a morte", disse o médico Athanasios Gargavanis, integrante da delegação.
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