Publicado 19/04/2024 18:03
O primeiro trimestre de 2024 foi o mais violento no Haiti desde pelo menos o início de 2022, com 1.660 pessoas assassinadas, sobretudo pelo crime organizado, 50% mais que no último trimestre de 2023, informou as Nações Unidas nesta sexta-feira (19).
"Entre janeiro e março de 2024, pelo menos 2.505 pessoas morreram ou ficaram feridas por consequência da violência relacionada com as gangues", indica o informe trimestral da missão da ONU no Haiti (Binuh).
"Isso representa um aumento de mais de 53% em comparação com o período anterior [outubro-dezembro de 2023], o que torna os primeiros três meses de 2024 ao período mais violento desde que a Binuh estabeleceu seu mecanismo de vigilância dos direitos humanos a princípios de 2022".
No primeiro trimestre, 1.660 pessoas (1.347 homens, 273 mulheres e 40 crianças) morreram e 845 ficaram feridas (624 homens, 179 mulheres e 42 crianças), disse à AFP um porta-voz da missão.
No último trimestre de 2023, foram registrados 1.104 assassinatos e os feridos 532.
Segundo o relatório, 141 pessoas foram assassinadas no primeiro trimestre por grupos de "autodefesa" que começaram a atacar supostos criminosos desde a primavera boreal de 2023.
Os sequestros para pedir resgate, por outro lado, diminuíram 37% em todo o país, com pelo menos 438 pessoas sequestradas, a maioria delas no departamento de Artibonite, onde as gangues atacam os viajantes no transporte público, assinala o informe.
Desde o final de fevereiro, distintas e poderosas organizações criminosas se uniram para atacar delegacias de polícia, prisões, o aeroporto e o porto marítimo, em um esforço para derrubar o primeiro-ministro Ariel Henry.
Ele renunciou em 11 de março e, na semana passada, foi criado um Conselho Presidencial de Transição, sem pôr fim à crise.
Desde o fim de fevereiro, "mais de 4.600 detidos fugiram das duas prisões principais da capital, pelo menos 22 delegacias, subdelegacias e outros edifícios policiais foram saqueados ou queimados e 19 agentes de polícia morreram ou ficaram feridos", diz a ONU.
As gangues também continuaram utilizando a violência sexual contra os moradores de bairros "rivais", destaca o relatório, denunciando, em particular, os estupros coletivos sofridos por meninas.
"As atividades das gangues limitaram gravemente o acesso a serviços essenciais, incluídas a atenção de saúde e a educação, e exacerbaram a insegurança alimentar", lamentou María Isabel Salvador, chefe da missão da ONU, em um comunicado no qual pede acelerar o envio da missão de segurança internacional que vai ser liderada pelo Quênia.
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