Publicado 16/05/2024 18:57 | Atualizado 16/05/2024 18:58
Os cientistas descobriram um braço seco do rio Nilo que fluía perto de onde cerca de trinta pirâmides foram erguidas, o que pode ser uma explicação de como os materiais para a construção dos monumentos foram transportados.
Este antigo curso d'água, com cerca de 65 km de extensão e chamado Ahramat ("pirâmides" em árabe), ficou muito tempo enterrado sob terras agrícolas e areia do deserto, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (16) na revista Communications Earth & Environment.
Sua existência explicaria por que tantas pirâmides foram construídas em uma faixa de deserto hoje localizada a oeste do Vale do Nilo, perto da antiga capital egípcia, Mênfis.
A vasta área se estende desde as pirâmides de Licht, no sul, até a famosa necrópole de Gizé, no norte, onde estão localizadas as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinus.
Ou seja, 31 pirâmides no total – a maior concentração do país – construídas durante os Impérios Antigo e Médio, entre 4.700 e 3.700 anos atrás.
Os especialistas sabiam que uma via aquática próxima havia sido utilizada para a construção dos gigantescos complexos, a vários quilômetros do curso principal do Nilo.
"Mas ninguém tinha certeza da localização, formato e tamanho desta 'mega' via de água", disse à AFP Eman Ghoneim, da Universidade da Carolina do Norte em Wilmington (Estados Unidos), principal autora do estudo.
Para mapear a área, sua equipe de pesquisadores utilizou imagens de radar de satélite.
“Ao contrário das fotos aéreas ou dos sensores ópticos de satélite que fornecem imagens da superfície terrestre, os sensores de radar têm esta capacidade única de penetrar na camada de areia e revelar estruturas antigas ou rios enterrados”, explica a especialista em geomorfologia.
As análises sobre o terreno, incluindo amostragens profundas do solo, confirmaram os dados de satélite e revelaram o rio oculto, que corria cerca de 65 km, com largura entre 200 e 700 metros, equivalente ao atual curso do Nilo.
Portos fluviais
PublicidadeEste antigo curso d'água, com cerca de 65 km de extensão e chamado Ahramat ("pirâmides" em árabe), ficou muito tempo enterrado sob terras agrícolas e areia do deserto, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (16) na revista Communications Earth & Environment.
Sua existência explicaria por que tantas pirâmides foram construídas em uma faixa de deserto hoje localizada a oeste do Vale do Nilo, perto da antiga capital egípcia, Mênfis.
A vasta área se estende desde as pirâmides de Licht, no sul, até a famosa necrópole de Gizé, no norte, onde estão localizadas as pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinus.
Ou seja, 31 pirâmides no total – a maior concentração do país – construídas durante os Impérios Antigo e Médio, entre 4.700 e 3.700 anos atrás.
Os especialistas sabiam que uma via aquática próxima havia sido utilizada para a construção dos gigantescos complexos, a vários quilômetros do curso principal do Nilo.
"Mas ninguém tinha certeza da localização, formato e tamanho desta 'mega' via de água", disse à AFP Eman Ghoneim, da Universidade da Carolina do Norte em Wilmington (Estados Unidos), principal autora do estudo.
Para mapear a área, sua equipe de pesquisadores utilizou imagens de radar de satélite.
“Ao contrário das fotos aéreas ou dos sensores ópticos de satélite que fornecem imagens da superfície terrestre, os sensores de radar têm esta capacidade única de penetrar na camada de areia e revelar estruturas antigas ou rios enterrados”, explica a especialista em geomorfologia.
As análises sobre o terreno, incluindo amostragens profundas do solo, confirmaram os dados de satélite e revelaram o rio oculto, que corria cerca de 65 km, com largura entre 200 e 700 metros, equivalente ao atual curso do Nilo.
Portos fluviais
O nível do Nilo naquela época era muito mais elevado do que o atual e tinha múltiplos braços que atravessavam a planície de inundação, cujo traço é difícil de encontrar, uma vez que a paisagem foi transformada pela construção da Barragem de Assuã na década de 1960.
As pirâmides ficavam a apenas 1 km em média das margens do braço Ahramat, a maioria construída com vista para a planície aluvial. As de Gizé estavam até localizadas em um planalto.
“Nossas investigações revelaram que muitas dessas pirâmides tinham uma passarela elevada que levava a templos mais abaixo no vale, que serviam como portos fluviais”, disse Ghoneim.
Para a pesquisadora, tal situação mostra que o braço Ahramat desempenhou um papel de “rodovia” para transportar as enormes quantidades de materiais e trabalhadores necessários para a construção dos monumentos.
“Esses materiais, principalmente provenientes de regiões mais ao sul, eram pesados e grandes, por isso era mais fácil fazê-los flutuar em um rio do que transportá-los por terra”, diz Suzanne Onstine, do departamento de história da Universidade de Memphis (Estados Unidos), um dos autores da pesquisa.
Segundo a historiadora, os templos às margens do braço Ahramat teriam servido como cais destinados a receber a comitiva funerária para o sepultamento de faraós.
“Lá eram realizados os ritos antes do transporte do corpo para seu sepultamento final dentro da pirâmide”, indica. O estudo detalhado dos diferentes trechos do rio “nos mostra como cada pirâmide foi construída a partir do contato com a via aquática”, acrescenta Onstine.
Segundo ela, será permitido compreender melhor “por que os reis do período, da 4ª à 12ª dinastias, optaram por construir neste ou naquele local”.
“Esta descoberta nos lembra até que ponto a construção, o habitat e as escolhas agrícolas foram fortemente influenciadas pelas mudanças naturais”, conclui.
As pirâmides ficavam a apenas 1 km em média das margens do braço Ahramat, a maioria construída com vista para a planície aluvial. As de Gizé estavam até localizadas em um planalto.
“Nossas investigações revelaram que muitas dessas pirâmides tinham uma passarela elevada que levava a templos mais abaixo no vale, que serviam como portos fluviais”, disse Ghoneim.
Para a pesquisadora, tal situação mostra que o braço Ahramat desempenhou um papel de “rodovia” para transportar as enormes quantidades de materiais e trabalhadores necessários para a construção dos monumentos.
“Esses materiais, principalmente provenientes de regiões mais ao sul, eram pesados e grandes, por isso era mais fácil fazê-los flutuar em um rio do que transportá-los por terra”, diz Suzanne Onstine, do departamento de história da Universidade de Memphis (Estados Unidos), um dos autores da pesquisa.
Segundo a historiadora, os templos às margens do braço Ahramat teriam servido como cais destinados a receber a comitiva funerária para o sepultamento de faraós.
“Lá eram realizados os ritos antes do transporte do corpo para seu sepultamento final dentro da pirâmide”, indica. O estudo detalhado dos diferentes trechos do rio “nos mostra como cada pirâmide foi construída a partir do contato com a via aquática”, acrescenta Onstine.
Segundo ela, será permitido compreender melhor “por que os reis do período, da 4ª à 12ª dinastias, optaram por construir neste ou naquele local”.
“Esta descoberta nos lembra até que ponto a construção, o habitat e as escolhas agrícolas foram fortemente influenciadas pelas mudanças naturais”, conclui.
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