Ex-presidente dos Estados Unidos, Donald TrumpAFP
Publicado 20/05/2024 11:54 | Atualizado 20/05/2024 11:56
O julgamento de Donald Trump por alteração de documentos contábeis para ocultar pagamentos a uma ex-atriz pornô entra na fase final, com as alegações finais marcadas para a próxima semana, e a expectativa de um veredito histórico de considerável impacto político. Uma questão continua pairando: o ex-presidente dos Estados Unidos vai depor? 
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Nesta segunda-feira (20), ao chegar ao tribunal, Trump deixou sem resposta uma pergunta feita por um jornalista. Antes do início do julgamento, em 15 de abril, o bilionário garantiu que testemunharia para “dizer a verdade”.

Mas os especialistas consideram provável que o candidato presidencial republicano desista da ideia, para evitar se expor ao implacável interrogatório da acusação.

Ao abrir a sessão desta segunda-feira, o juiz Juan Merchan indicou que seu objetivo é terminar a avaliação do caso nesta semana, para que já possa passar às alegações finais na próxima semana.

Os 12 membros do júri devem avaliar se, para além de qualquer dúvida razoável, Trump é culpado por falsificar 34 documentos contábeis, para disfarçar como despesas legais o pagamento de 130 mil dólares (R$ 665 mil na cotação atual) à ex-atriz pornô Stormy Daniels na reta final das eleições de 2016, quando o republicano derrotou a democrata Hillary Clinton.

Um veredito de culpa exige unanimidade do júri. Se for esse o caso, o juiz deverá posteriormente fixar a pena, que poderá ser de prisão.

Uma condenação criminal seria um acontecimento histórico nos Estados Unidos e um terremoto político em plena campanha presidencial para as eleições de novembro.

Testemunhas
Além do caso de Nova York, Trump foi acusado em Washington e na Geórgia de tentar anular os resultados das eleições de 2020 e de permanecer com documentos confidenciais ao deixar a Casa Branca em 2021, embora este julgamento tenha sido adiado indefinidamente.

O tribunal de Manhattan retoma o caso Stormy Daniels nesta segunda-feira, quando a principal testemunha do julgamento volta a depor: o ex-advogado pessoal e confidente de Trump, Michael Cohen, que incriminou diretamente o seu antigo chefe.

Cohen afirmou que Trump aprovou o pagamento de US$ 130 mil a Daniels para comprar seu silêncio sobre um relacionamento sexual que ela afirma ter tido em 2006 com o magnata, quando ele já era casado com sua atual esposa, Melania.

O republicano, de 77 anos, nega essa relação. Trump afirma ser inocente e denuncia que o julgamento tem natureza política. O próprio Cohen assumiu o pagamento alguns dias antes da votação de 2016 e afirmou que Trump efetuou o seu reembolso em 2017.

Para a acusação, a questão central é que esta transferência foi camuflada como “despesas legais” nas contas da Trump Organization. O dinheiro, na verdade, era para reembolsar Cohen pela quantia que pagou do próprio bolso a Daniels.

A defesa de Trump fez todo o possível para desqualificar Cohen, descrito por outros envolvidos no julgamento como uma pessoa sem escrúpulos.

Ele foi condenado a três anos de prisão em 2018 por mentir ao Congresso e por fraude eleitoral e fiscal neste caso.

Cohen encerrou uma série de 19 testemunhas convocadas pela acusação durante quatro semanas, o que levou o júri aos bastidores da campanha presidencial vencida por Trump sobre Clinton.

O processo contou com a participação de vários outros intermediários, como a de um ex-chefe de tabloide que tinha trabalhado diretamente com Cohen e Trump.

Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, também contou com emoção sua experiência ao conhecer Trump e sua relação sexual com ele, a qual disse ter sido consensual. “Não fui ameaçada verbal ou fisicamente”, embora houvesse um “desequilíbrio de poder”, disse Daniels.
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