Publicado 20/05/2024 20:40
A influenciadora Kiun B, moradora da cidade russa Yakutsk, na Sibéria Oriental, usa as redes sociais para compartilhar a vida na cidade mais fria do mundo, onde as temperaturas podem chegar a -64°C no inverno. Em vídeos, a jovem mostra os perigos da exposição prolongada ao frio extremo. "Estas não são cenas de um filme de ficção científica, mas a realidade de viver em Yakutsk", afirma ela em seu canal no YouTube.
PublicidadeSegundo Kiun, queimaduras de frio e hipotermia são tão comuns quanto resfriado em Yakursk. Nariz e bochechas são os locais mais comuns de serem atingidos de forma leve, porém muitos moradores acabam sofrendo queimaduras severas nos dedos, perdendo o membro ou parte deles em muitas das vezes.
A jovem conta que quando começa a sentir dormência, um dos sinais da falta de circulação do sangue, precisa correr para dentro de um lugar quente, como shoppings ou estações de ônibus aquecidas. De acordo com a influenciadora, um dos maiores perigos das queimaduras é a perda de sensibilidade que ela causa inicialmente, fazendo com que a pessoa não perceba a tempo de tratar.
As queimaduras são um problema tão grave que existem hospitais especializados nelas. Segundo Kiun, moradores de rua são os que mais sofrem com este problema. Devido a isto, o governo criou abrigos aquecidos para esta parte da população.
Como Yakutsk é muito grande e algumas aldeias ficam longe do centro, quando precisam de atendimento médico, muitos acabam morrendo na viagem, que pode mais de 48 horas. "Com tanto frios, as baterias dos carros podem congelar, deixando os viajantes presos na floresta, o que pode ser fatal. A cada ano, centenas de pessoas morrem congeladas em Yakutsk", diz ela.
População sofre com problemas respiratórios
Os problemas mais comuns que a população de Yakutsk enfrenta são os respiratórios. Ela contou que, no inverno, as pessoas costumam cobrir o rosto total ou parcialmente para proteger as vias aéreas e os pulmões, além da pele. "Ouvi muitas vezes dos recém-chegados que vieram visitar Yakutsk pela primeira vez que o ar é difícil de respirar", diz Kiun.
Falta de luz solar causa deficiência de vitamina D e depressão
Devido ao frio e à pouca luz solar, é comum que os moradores de Yakutsk tenham deficiência de vitamina D e convivam com a anemia. "Nosso sistema de saúde aqui é muito bom, funciona em um modelo de saúde universal apoiado por seguro médico obrigatório financiado pelo governo, isso garante que todos os cidadãos tenham acesso a serviços básicos de saúde gratuitos", conta a influenciadora.
Outro problema que afeta a população de Yakutsk é um tipo de depressão conhecido como Transtorno Afetivo Sazonal. "No inverno, a falta de luz solar e o frio constante podem te deixar para baixo. É difícil até mesmo sair de casa quando você precisa se agasalhar em centenas de camadas, então passamos muito tempo em casa. Encontrar ajuda para a saúde mental não é fácil em Yakutsk, especialmente nas áreas mais remotas", afirma.
A infertilidade também preocupa a população desta cidade. Segundo Kiun, muitos jovens acabam preferindo ficar estilosos ao invés de se proteger das temperaturas baixíssimas, o que pode acabar afetando o futuro deles quando tentarem ser pais.
Frio extremo causa envelhecimento precoce
Embora muitos famosos e antenados em tendências estéticas recorram cada vez mais a tratamentos como crioterapia para retardar o envelhecimento, de acordo com Kiun, as baixas temperaturas de Yakutsk e a exposição prolongada a elas têm o efeito reverso na população.
"Pesquisas descobriram que nossa exposição a longo prazo ao clima rigoroso nos leva a envelhecer biologicamente três a quatro anos mais rápido que os caucasianos. Esse envelhecimento acelerado se deve ao aumento da nossa taxa metabólica, à medida que nossos corpos trabalham mais para gerar a energia necessária para o calor", conta ela, que acreditava envelhecer mais devagar justamente devido ao frio extremo.
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