'Não podemos ter dois pesos e duas medidas', afirmou o procurador do TPI, Karim KhanDivulgação/TPI
Publicado 26/05/2024 15:49 | Atualizado 26/05/2024 15:51
"Ninguém tem licença para cometer crimes de guerra ou crimes contra a humanidade", afirmou o procurador do TPI, Karim Khan, que solicitou a emissão de mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e contra dirigentes do Hamas.
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O pedido, formulado na segunda-feira ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza e em Israel, renderam muitas críticas a Khan.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou "escandalosa" a solicitação e afirmou que Israel e o movimento islamista palestino Hamas "não são equivalentes".
"Nosso trabalho não é fazer amigos", disse Khan em uma entrevista publicada neste domingo pelo jornal britânico Sunday Times.
"Devemos destacar o valor similar de cada criança, cada mulher, cada civil em um mundo cada vez mais polarizado", argumentou.
"Não podemos ter dois pesos e duas medidas", afirmou, acrescentando que "o mundo está observando a situação" e que os países da América Latina, África e Ásia devem tirar suas conclusões sobre a capacidade das instituições globais para defender o direito internacional.
"Os Estados poderosos são sinceros quando afirmam que existe um conjunto de leis ou este sistema baseado em regras não tem sentido, é uma mera ferramenta da Otan e de um mundo pós-colonial, sem nenhuma intenção real de aplicar a lei de forma igualitária?", questionou Khan.
O procurador, de 54 anos e nacionalidade britânica, nega qualquer semelhança entre Israel e o Hamas.
"Não estou dizendo que Israel, com sua democracia e a sua Suprema Corte, é similar ao Hamas, claro que não", afirmou.
"Israel tem todo o direito de proteger a sua população e de recuperar os reféns capturados pelo Hamas. Mas ninguém tem licença para cometer crimes de guerra ou crimes contra a humanidade", explicou.
Khan citou uma série de situações na Faixa de Gaza, como "o fato de a água ter sido cortada (...), que pessoas que estavam na fila para receber alimentos foram atacadas, que pessoas das agências de ajuda foram mortas".
A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Os integrantes do Hamas também sequestraram 252 pessoas. Segundo Israel, 121 permanecem sob poder do grupo islamista em Gaza, das quais 37 teriam morrido.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza, na qual morreram mais de 35.980 palestinos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo movimento islamista.
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