Presidente da Ucrânia, Volodymyr ZelenskyHANDOUT / UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP
Publicado 28/05/2024 19:46
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, assinou, nesta terça-feira (28), um acordo com a Bélgica para receber 30 caças F-16 até 2028, e aumentou a pressão sobre os Estados Unidos para que participem da cúpula de paz prevista para junho na Suíça.

"Esse aviões F-16 serão entregues à Ucrânia o quanto antes", disse em entrevista coletiva conjunta o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, depois da assinatura do acordo bilateral.

De acordo com o chefe de governo belga, o objetivo "é conseguir fornecer o primeiro avião antes do final deste ano de 2024".

Por sua vez, Zelensky disse que o compromisso de seu governo é estar em condições de utilizar esses aviões já este ano, e para isso é prioritário se concentrar no treinamento de pilotos.

Em uma mensagem no X, Zelensky destacou que, "pela primeira vez, um acordo especifica o número exato de aviões de combate F-16 que serão entregues à Ucrânia até 2028, e os primeiros chegarão já este ano".

O documento assinado "inclui pelo menos 977 milhões de euros [aproximadamente 5,48 bilhões de reais] em ajuda militar belga à Ucrânia este ano, assim como o compromisso da Bélgica de fornecer apoio ao nosso país durante os dez anos de vigência do acordo", indicou.

Na coletiva de imprensa conjunta, Zelensky insistiu em seu pedido para que os aliados ocidentais autorizem a Ucrânia a utilizar as capacidades militares transferidas para realizar ataques em território russo.

"Não podemos colocar em risco o apoio de nossos aliados. É por isso que não estamos utilizando essas armas para realizar ataques no território da Rússia. Por favor, nos conceda a permissão para fazer isso", disse.

A Ucrânia multiplica as pressões para obter a autorização para utilizar as armas de aliados ocidentais em solo russo.

Até agora, aliados importantes como os Estados Unidos e Alemanha se mostraram reticentes a essa possibilidade, pelo risco de se verem arrastados e envolvidos em uma escalada generalizada do conflito, diretamente contra a Rússia.

"Não há mudança em nossa política neste ponto. Não incentivamos nem permitimos o uso de armas fornecidas pelos Estados Unidos para atacar em solo russo", declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

Pressão sobre Biden
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Nesse mesmo dia, o alto representante de política externa da UE, Josep Borrell, disse que havia chegado o momento de equilibrar o risco de uma escalada generalizada e a necessidade ucraniana de se defender.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, mencionou nesta segunda-feira os "objetivos legítimos" em território russo, mas a vice-ministra alemã de Defesa, Siemtje Moller, disse que seu país tomou a "decisão soberana" de não autorizar o uso de suas armas em tais ataques.

Na coletiva de imprensa dessa terça-feira, Zelensky aumentou a pressão para que mais aliados da Ucrânia participem da conferência sobre a paz para esse conflito, previsto em junho na Suíça.

Para Zelensky é essencial que seu apoio mais importante, o presidente americano Joe Biden, esteja presente, e por isso afirmou que, caso o dirigente não participe, isso equivaleria a aplaudir o presidente russo, Vladimir Putin.

"Se [Biden] não estiver presente, será como aplaudir Putin. Aplaudi-lo pessoalmente, e fazer isso de pé", disse.

Até agora, Biden não confirmou sua presença na reunião, já que tem compromissos no contexto da campanha para as presidenciais de novembro nos Estados Unidos.

Zelensky acusou Putin de se esforçar para que essa reunião fracasse. O dirigente russo, disse Zelensky, "tem muito medo dessa cúpula de paz [...] Tentou sabotá-la, e segue fazendo isso".

"Esperamos uma resposta da China. Gostaríamos também de ter uma resposta do Brasil", apontou o mandatário ucraniano, que em 10 de maio anunciou ter convidado seu homólogo da Argentina, Javier Milei.

Zelensky descartou uma sugestão brasileira de incluir a Rússia na cúpula de paz na Suíça, alegando que a presença desse país na reunião "bloqueará tudo".

Instantaneamente, o governo russo considerou "absurda" uma cúpula de paz para esse conflito sem a participação da Rússia.

De Lisboa, para onde viajou após passagens por Bélgica e Espanha, Zelensky acusou a Rússia de tentar minar o apoio internacional a Kiev, especialmente por meio de campanhas de desinformação.

"É muito importante para os ucranianos que o mundo não se canse desta guerra", destacou em coletiva de imprensa.
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