Claudia SheinbaumAFP
Publicado 03/06/2024 07:49 | Atualizado 03/06/2024 08:00
A candidata governista Claudia Sheinbaum, venceu as eleições presidenciais do México por ampla margem neste domingo, 2, de acordo com os primeiros resultados oficiais anunciados pelo Instituto Nacional Eleitoral (INE). A ex-presidente da Câmara recebeu entre 58% e 60% dos votos, bem à frente da rival da oposição, a ex-senadora de centro-direita Xochitl Gálvez, que recebeu entre 26% e 28% dos votos nesta eleição. O centrista Jorge Alvarez Máynez recebeu entre 9% e 10%.
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Com esse resultado, Sheinbaum é a primeira mulher a ocupar o cargo no país, levando o partido de esquerda Morena, do atual presidente e seu padrinho político Andrés Manuel López Obrador, a mais seis anos no poder.
"Eu me tornarei a primeira mulher presidente do México", disse Sheinbaum, com um sorriso no rosto, em um hotel da Cidade do México, no início da madrugada desta segunda-feira, 3. "Nós demonstramos que o México é um país democrático com eleições pacíficas", afirma.
Cerca de 98 milhões foram às urnas votar neste pleito de turno único. No México, não há reeleição presidencial ou voto obrigatório.

'Dia de glória'

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse na noite do domingo que "hoje é um dia de glória" no país por causa da vitória de Claudia Sheinbaum nas eleições presidenciais.
"O povo do México decidiu livre e democraticamente que Claudia Sheinbaum se converta na primeira mulher presidente em 200 anos de vida independente da nossa República", escreveu nas redes sociais.

Sheinbaum era a candidata governista e, durante a campanha, prometeu dar continuidade ao trabalho de López Obrador.
Violência política 
A violência marcou as eleições, com 30 candidatos a diversos cargos assassinados durante a campanha,, segundo a ONG Data Cívica. Um candidato a um cargo local, um militante de um partido e uma mulher foram assassinados nas últimas horas no interior do país, informaram as autoridades.

Quase 450 mil pessoas foram assassinadas no México e dezenas de milhares estão desaparecidas desde 2006, quando o governo mobilizou os militares para a luta contra o crime organizado.

Quase 100 milhões de eleitores estavam registrados para votar no domingo. A taxa de participação das eleições foi de 60%. Com 20 mil cargos em disputa, incluindo as cadeiras no Congresso e nove dos 32 governos, estas foram as maiores eleições da história do país.

Visões contrapostas 
Os apoiadores de Sheinbaum consideram que ela prosseguirá com os programas de López Obrador, que chega ao fim do governo com uma popularidade de 66%, o que contribuiu para a eleição da candidata governista.

Os eleitores destacam que ela foi eficiente em sua gestão como prefeita da Cidade do México (2018-2023) e que é uma "inspiração" para as mulheres neste país com altos índices de violência de gênero, no qual cerca de 10 mulheres são assassinadas diariamente, entre feminicídios e homicídios dolosos, segundo a ONU.

López Obrador distribuiu milhões em ajuda direta a idosos, jovens e deficientes, tirando 8,9 milhões de pessoas da pobreza. No entanto, um terço da população ainda vive na pobreza.

A expansão do crime organizado "é o problema mais assustador" que será enfrentado por Sheinbam, opinou Michael Shifter, pesquisador do Inter-American Dialogue, um grupo de reflexão com sede em Washington.

Também terá o desafio de manter os programas sociais quando o déficit fiscal subiu para 5,9% e o crescimento médio nos últimos seis anos foi de apenas 0,8%.

Outro desafio será o relacionamento com os Estados Unidos, o destino de 80% das exportações mexicanas, especialmente se Donald Trump voltar ao poder, alertou Shifter.

Trump ameaçou determinar deportações em massa de migrantes que cruzam a fronteira binacional de quase 3.200 km. Além disso, em 2026, os dois países e o Canadá terão que renegociar seu acordo comercial T-MEC.
*Com informações do Estadão Conteúdo e AFP
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