Boeing lança com sucesso sua primeira nave tripulada rumo à Estação Espacial InternacionalAFP
Publicado 05/06/2024 14:31
A espaçonave Starliner, da gigante da aviação Boeing, decolou com sucesso nesta quarta-feira (5) do sudeste dos Estados Unidos em direção à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), transportando astronautas a bordo pela primeira vez, depois de duas tentativas anteriores terem sido frustradas logo após o lançamento.
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Os astronautas da agência espacial americana (Nasa) Butch Wilmore e Suni Williams decolaram às 10h52 locais (11h52 no horário de Brasília) da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, no estado da Flórida (sudeste), para uma estadia de aproximadamente uma semana no laboratório orbital.

"Suni e eu estamos honrados em compartilhar esse sonho de voo espacial com cada um de vocês", disse Wilmore, comandante do voo de teste, pouco antes da decolagem do foguete do grupo United Launch Alliance (ULA), a empresa conjunta formada por Boeing e Lockheed Martin.
"Vamos colocar fogo neste foguete e empurrá-lo para o céu", disse ele com bom humor.
A terceira vez representou um sucesso para a Boeing, após duas tentativas abortadas por motivos técnicos.

Em busca de um respiro
A Starliner se tornou o sexto tipo de espaçonave construída nos Estados Unidos a transportar astronautas da Nasa, seguindo os programas Mercury, Gemini e Apollo nas décadas de 1960 e 1970, o Space Shuttle de 1981 a 2011 e o Crew Dragon, da SpaceX, a partir de 2020.

Mas o conturbado programa espacial da Boeing enfrentou anos de atrasos e adversidades.

Apesar disso, a Nasa busca certificar a Boeing como a segunda operadora comercial a transportar suas tripulações para a ISS. A SpaceX, do magnata Elon Musk, desempenha esta tarefa há quatro anos.

Ambas as empresas receberam contratos multimilionários em 2014 para desenvolver cápsulas tripuladas e pilotadas de forma autônoma, depois do fim do programa Space Shuttle, em 2011, que tinha deixado os Estados Unidos temporariamente dependentes de foguetes russos para realizar suas viagens.

A Boeing, com os seus 100 anos de história, parecia ter vantagem em relação à concorrente então iniciante, mas seu programa ficou para trás.

Uma série de reveses
Os reveses desta missão variaram desde uma falha de software que colocou a espaçonave em uma trajetória errada em seu primeiro teste não tripulado até a descoberta de que a cabine estava cheia de fita isolante elétrica inflamável após o segundo.

Em ambos os cancelamentos, os astronautas Wilmore e Williams estavam preparados para o lançamento, mas foram obrigados a voltar a quarentenas rigorosas em suas cabines.

A tentativa mais recente, no último sábado, foi dramaticamente suspensa faltando menos de quatro minutos para o final da contagem regressiva, quando o computador de lançamento terrestre entrou em pausa automática.

Mais tarde, foi identificado que o problema ocorreu devido a uma falha na fonte de alimentação.

Uma válvula defeituosa frustrou uma tentativa anterior em 6 de maio, horas antes da decolagem.

Enquanto as tripulações trabalhavam para substituir a válvula defeituosa do foguete, um pequeno vazamento de hélio localizado em um dos propulsores da espaçonave veio à tona.

Em vez de alterar sua vedação, o que exigia a desmontagem da Starliner na fábrica, os funcionários da Nasa e da Boeing a consideraram segura o suficiente para voar do jeito que estava.

Starliner à prova
Wilmore e Williams são dois ex-pilotos de testes da Marinha com dois voos espaciais no currículo e agora vão colocar a Starliner à prova, o que inclui assumir o controle manual da espaçonave em seu trajeto para a ISS.

Ainda na plataforma, a tripulação fará mais testes e simulará se a nave pode ser usada como um refúgio seguro em caso de problemas no posto orbital.

Após se desacoplar, a Starliner entrará novamente na atmosfera e fará um pouso assistido com paraquedas e airbag no oeste dos Estados Unidos.
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