Publicado 11/06/2024 09:23
Tetiana Shpak, que atua na retirada de minas, trabalha agachada em um campo do sul da Ucrânia, que apesar de seu aspecto bucólico com flores de amapola, está repleto de explosivos. Há apenas alguns anos, isto seria impossível. A profissão, considerada perigosa demais, era proibida para mulheres até 2018.
"Nunca pensei que meu caminho me traria aqui", admite esta ex-professora de Matemática, de 51 anos, com uma máscara de proteção.
Publicidade"Nunca pensei que meu caminho me traria aqui", admite esta ex-professora de Matemática, de 51 anos, com uma máscara de proteção.
A invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, mudou tudo. Depois de ajudar a construir fortificações para repelir soldados de Moscou e de perder o pai em um bombardeio, Shpak diz que sentiu a necessidade de "ser útil".
Assim como ela, cada vez mais mulheres se dedicam à remoção de minas, onde já representam 30% da força de trabalho, segundo o governo. A dinâmica é semelhante a outros empregos tradicionalmente associados aos homens, com sua força de trabalho reduzida pela mobilização militar e emigração.
As autoridades sabem que o território está cheio de explosivos e esperam atrair ainda mais mulheres. "No início, minha família foi contra", diz Shpak, que trabalha há um ano para a organização Halo Trust em Snigurivka, na região sul de Mykolaiv.
Ela garante que seu trabalho é seguro, já que localiza as minas, mas outros serviços as detonam. E até convenceu a filha, que diz que "quer tentar algo parecido quando estiver mais velha".
'Mais atentas'
Assim como ela, cada vez mais mulheres se dedicam à remoção de minas, onde já representam 30% da força de trabalho, segundo o governo. A dinâmica é semelhante a outros empregos tradicionalmente associados aos homens, com sua força de trabalho reduzida pela mobilização militar e emigração.
As autoridades sabem que o território está cheio de explosivos e esperam atrair ainda mais mulheres. "No início, minha família foi contra", diz Shpak, que trabalha há um ano para a organização Halo Trust em Snigurivka, na região sul de Mykolaiv.
Ela garante que seu trabalho é seguro, já que localiza as minas, mas outros serviços as detonam. E até convenceu a filha, que diz que "quer tentar algo parecido quando estiver mais velha".
'Mais atentas'
"As mulheres são mais atentas, mais cuidadosas", afirma Valeria Ponomareva, de 23 anos, que coordena uma equipe de desminadoras.
A ex-cabeleireira não se arrepende da mudança profissional. "Minha mãe ficou chocada", lembra. Entre as funcionárias estão uma ex-dançarina, uma química do setor de espumantes e uma dentista, afirma o Halo Trust.
Ponomareva é originária de Donetsk, uma das regiões com o maior número de minas, no leste da ex-república soviética, cenário de guerra desde 2014, então contra separatistas pró-Rússia.
Snigurivka, onde trabalha agora, foi ocupada pelo Exército russo, que plantou as minas. Mas as tropas ucranianas também as utilizaram em combate. No total, quase um quarto do território ucraniano pode estar contaminado por dispositivos explosivos, que mataram mais de 270 pessoas desde 2022, segundo as autoridades.
As condições não são fáceis. O serviço exige método, paciência e disposição para ficar ao ar livre independentemente do clima. Alguns "trabalham um ou dois dias, percebem que não é para eles e vão embora", diz Oleksandr Ponomarenko, que supervisiona as equipes.
Não é fácil conseguir pessoas, admite. Atualmente, as mulheres representam pouco menos de metade da sua força de trabalho. Ponomarenko espera, no entanto, que o número aumente. Algumas são casadas com soldados e "também gostariam de servir, mas entendem que esse trabalho é mais seguro", diz.
Um grupo de sete pessoas é capaz de desminar de 80 a 100m² por dia. Para o campo de Snigurivka, de 35.000m², será necessário pelo menos um ano, calcula Ponomarenko. Provavelmente levará décadas para retirar todas as minas da Ucrânia, principalmente porque o conflito não terminou.
A alguns quilômetros, em Vasylivka, uma equipe desminou o terreno de Mykola Murai, um agricultor de 60 anos. "Trabalharam melhor que os homens", afirma.
A ex-cabeleireira não se arrepende da mudança profissional. "Minha mãe ficou chocada", lembra. Entre as funcionárias estão uma ex-dançarina, uma química do setor de espumantes e uma dentista, afirma o Halo Trust.
Ponomareva é originária de Donetsk, uma das regiões com o maior número de minas, no leste da ex-república soviética, cenário de guerra desde 2014, então contra separatistas pró-Rússia.
Snigurivka, onde trabalha agora, foi ocupada pelo Exército russo, que plantou as minas. Mas as tropas ucranianas também as utilizaram em combate. No total, quase um quarto do território ucraniano pode estar contaminado por dispositivos explosivos, que mataram mais de 270 pessoas desde 2022, segundo as autoridades.
As condições não são fáceis. O serviço exige método, paciência e disposição para ficar ao ar livre independentemente do clima. Alguns "trabalham um ou dois dias, percebem que não é para eles e vão embora", diz Oleksandr Ponomarenko, que supervisiona as equipes.
Não é fácil conseguir pessoas, admite. Atualmente, as mulheres representam pouco menos de metade da sua força de trabalho. Ponomarenko espera, no entanto, que o número aumente. Algumas são casadas com soldados e "também gostariam de servir, mas entendem que esse trabalho é mais seguro", diz.
Um grupo de sete pessoas é capaz de desminar de 80 a 100m² por dia. Para o campo de Snigurivka, de 35.000m², será necessário pelo menos um ano, calcula Ponomarenko. Provavelmente levará décadas para retirar todas as minas da Ucrânia, principalmente porque o conflito não terminou.
A alguns quilômetros, em Vasylivka, uma equipe desminou o terreno de Mykola Murai, um agricultor de 60 anos. "Trabalharam melhor que os homens", afirma.
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