Publicado 13/06/2024 21:33
São Paulo - A Amazon, em conjunto com a empresa argentina de serviços de entretenimento digital Vrio, anunciou nesta quinta-feira, 13, uma parceria para trazer o Projeto Kuiper ao Brasil. O objetivo é fornecer conectividade de banda larga via satélite para regiões remotas e com difícil acesso à internet. Além do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai terão acesso ao serviço, que irá competir com a Starlink, do bilionário Elon Musk.
PublicidadeO projeto lançado pela Amazon em 2018 tem o objetivo declarado de criar uma constelação inicial com 3.236 satélites de baixa órbita terrestre. Esses satélites são caracterizados assim por ficarem a cerca de 550 km da Terra (em comparação com os chamados geoestacionários, que ficam a cerca de 36 mil km) e por serem mais rápidos do que a rotação do planeta. Eles são projetados para fornecer sinal de internet de alta velocidade e baixa latência (a demora para que um comando seja compreendido pela internet) em escala global.
O alvo da internet via satélite do Projeto Kuiper inclui, principalmente, as áreas de regiões remotas e rurais onde a infraestrutura de internet terrestre é limitada ou inexistente. Esse grupo abrange comunidades que necessitam de acesso a serviços digitais básicos e avançados, como educação online, telemedicina e comércio eletrônico.
Além disso, a Kuiper quer servir a consumidores residenciais e pequenas empresas que buscam uma conexão à internet rápida e considerada mais confiável.
"Essa é a banda larga do espaço, que nos leva a lugares onde é muito caro ou muito difícil construir uma infraestrutura terrestre", explica Bruno Henriques, líder de desenvolvimento de negócios para América Latina do Projeto Kuiper. "Em locais onde há desastres ou situações de emergência, quando a fibra não está disponível, a banda larga que vem do espaço é uma boa opção."
Conexão
A constelação de satélites do Projeto Kuiper está com o lançamento do serviço comercial previsto para 2025 - no entanto, já há uma equipe do projeto trabalhando no Brasil, embora a Amazon não divulgue detalhes. A rede será composta por satélites interconectados por links ópticos de alta velocidade, formando uma malha no espaço que vai se conectar a uma infraestrutura terrestre de antenas e pontos de acesso à internet.
Em outubro do ano passado, a Amazon chegou a lançar dois protótipos desses satélites, mas os equipamentos de uso comercial serão lançados neste ano. "É o serviço e o produto perfeito em que você pode obter um enorme impacto social, porque o acesso à internet realmente muda a vida das pessoas", diz Henriques.
Para colocar esses satélites em órbita, a Amazon anunciou empresas parceiras que vão realizar esses lançamentos. Entre elas, estão United Launch Alliance, Arianespace, Blue Origin, de Jeff Bezos, e SpaceX, da concorrente Starlink.
A parceria vai permitir que a Amazon aproveite a infraestrutura de distribuição e os recursos locais da argentina Vrio para implantar os serviços do Projeto Kuiper de forma eficiente. A Sky, de serviços de banda larga, vai ser responsável por oferecer essa conexão para o Brasil, enquanto a DirecTV Latin America ficará responsável pelos demais países do continente que fazem parte do projeto.
A Amazon não revelou quando será o início da comercialização ou os preços que serão praticados por aqui - tudo isso depende do sucesso na formação da malha de satélites.
Kuiper versus Starlink
De acordo com o vice-presidente da Vrio, Lucas Werthein, o projeto vai garantir acessibilidade e facilidade de instalação do equipamento. "Quando um cliente o recebe, a única coisa que precisa fazer é colocá-lo no lugar mais alto possível em sua casa e sem obstrução da antena. Em seguida, basta conectá-lo ao modem e ligá-lo à eletricidade", explica Werthein.
É o mesmo esquema de funcionamento da Starlink, de Musk, que opera oficialmente no Brasil desde fevereiro de 2022 e que já tem mais de 6 mil satélites em órbita. Por isso, é comum que o Projeto Kuiper seja comparado ao serviço rival.
Ambos os projetos têm como objetivo fornecer internet via satélite, mas a Amazon promete oferecer um serviço mais acessível. "Embora ainda não esteja operacional, o produto que a Amazon poderá fornecer provavelmente será melhor em termos de serviço, latência, confiabilidade e preço", diz Werthein.
O Projeto Kuiper, da Amazon, e a Starlink, de Elon Musk, vão competir no mercado de internet via satélite com diferentes abordagens e capacidades. A Starlink promete velocidades de até 150 Mbps, com latências entre 20 e 40 ms. Já o terminal-padrão do Kuiper terá velocidades de até 400 Mbps, com 30 a 50 ms de latência, por um custo de produção inferior a US$ 400. Além disso, o Kuiper inclui um terminal portátil e ultracompacto de 7 polegadas quadradas que oferecerá velocidades de até 100 Mbps, e um terminal de nível empresarial capaz de atingir até 1 Gbps.
Essa estimativa de preço compete com a internet de Musk, principalmente porque, em agosto, nos EUA, o valor do plano de roaming global da Starlink vai subir de US$ 200 para US$ 400. No Brasil, o serviço básico de internet fixa para residências da Starlink custa R$ 184, mais impostos, além do valor do aparelho, que é de R$ 2.000.
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