Yoav Gallant, ministro de Defesa de IsraelAngelos Tzortzinis/AFP
Publicado 23/06/2024 11:25
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, viaja aos Estados Unidos neste domingo, 23, para participar em negociações "cruciais" sobre a guerra na Faixa de Gaza contra o movimento islamista palestino Hamas e o aumento da tensão no Líbano com o grupo pró-Irã Hezbollah.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediu a aceleração do processo de desbloqueio do envio de armas e munições por parte dos Estados Unidos, aliado histórico do país, depois que o chefe de Governo israelense criticou o atraso no fornecimento nos últimos meses.

Netanyahu disse neste domingo ao seu gabinete que o "desentendimento" com Washington, que critica o elevado número de civis mortos em Gaza, será solucionado em breve.

"À luz do que ouvi no último dia, espero e acredito que esta questão será resolvida em um futuro próximo", acrescentou.

Em um momento de tensão entre Israel e Estados Unidos, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, viaja a Washington para, em suas próprias palavras, "abordar os acontecimentos em Gaza e no Líbano".

"Nossos vínculos com os Estados Unidos são mais importantes do que nunca. Nossas reuniões com as autoridades americanas são cruciais para a guerra", afirmou Gallant em um comunicado.

A fronteira norte de Israel, com o Líbano, é cenário de aumento da violência entre o Exército israelense e o Hezbollah, aliado do Hamas, o que provoca o temor de propagação do conflito por outros países do Oriente Médio.

O grupo pró-Irã anunciou neste domingo que atacou duas posições militares no norte de Israel com drones, em resposta à morte de um de seus comandantes.

'Dezenas de alvos terroristas'
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Em Gaza, os bombardeios israelenses prosseguem de modo incessante. Testemunhas relataram ataques neste domingo nas imediações e no centro da cidade de Rafah, extremo sul do território palestino, onde o Exército iniciou uma ofensiva terrestre em 7 de maio.

Também foram registrados bombardeios na Cidade de Gaza, ao norte, e tanques abriram fogo contra o campo de refugiados de Nuseirat, no centro.

O Exército israelense indicou que os caças atacaram no sábado "dezenas de alvos terroristas na Faixa de Gaza, incluindo instalações militares e infraestruturas, em operações direcionadas" em Rafah.

"Os terroristas foram eliminados em combates corpo a corpo e por franco-atiradores e drones" no centro do território, acrescenta uma nota militar.

A guerra começou em 7 de outubro, quando militantes do Hamas invadiram o sul de Israel e mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço baseado em dados oficiais israelenses.

Também sequestraram 251 pessoas, das quais 116 pessoas continuam em cativeiro em Gaza, incluindo 41 que teriam morrido, segundo o Exército israelense.

Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, que deixou pelo menos 37.598 mortos, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.

'Retirar este governo'
Netanyahu, para quem Israel está travando uma "guerra por sua existência", está cada vez mais pressionado no país.

Mais de 150 mil pessoas, segundo os organizadores, participaram no sábado em uma manifestação em Tel Aviv contra o governo de Netanyahu: o grupo pediu eleições antecipadas e o retorno dos reféns.

"A única forma de conseguir uma mudança aqui é retirar este governo, retirar os extremistas", declarou Maya Fischer, uma manifestante de 36 anos, durante o protesto, o maior desde o início da guerra.

"É hora de acabar com a guerra, trazer os reféns e salvar vidas, tanto do lado israelense como do lado palestino", acrescentou.

As negociações para um cessar-fogo estão paralisadas. Netanyahu insiste que prosseguirá com a guerra até a destruição do Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

Quase 2,4 milhões de pessoas estão aglomeradas e à beira da fome no estreito território palestino, segundo a ONU.

"Mais de um milhão de pessoas estão em deslocamento constante, em busca de um local seguro, mas não há nenhum local seguro no território", alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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