Emmanuel Macron, presidente da FrançaSarah Meyssonnier / POOL / AFP
Publicado 24/06/2024 16:45
O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou, nesta segunda-feira (24), que os programas dos "dois extremos" do espectro político francês conduzem "à guerra civil", depois que o líder de extrema direita Jordan Bardella se disse "preparado" para governar.
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"A resposta da extrema direita" em termos de insegurança "remete as pessoas a uma religião ou a uma origem" e é assim que "divide e leva à guerra civil", declarou Macron no podcast "Génération Do It Yourself".
Por outro lado, a LFI propõe "uma forma de comunitarismo... um pouco eleitoral", "mas que também tem a guerra civil por trás, porque, acima de tudo, remete as pessoas exclusivamente à sua afiliação religiosa ou comunitária", acrescentou.
Suas declarações ocorrem a seis dias do primeiro turno das eleições legislativas na França, que Macron antecipou de maneira inesperada após a vitória do partido Reagrupamento Nacional (RN) nas eleições europeias na França, em 9 de junho.
"Estamos preparados" para governar, disse Bardella, a estrela em ascensão de 28 anos da extrema direita e seu candidato a primeiro-ministro, horas antes, caso conquiste a maioria absoluta nas eleições legislativas mais incertas da história recente da França. O segundo turno está marcado para 7 de julho.
"O RN não está preparado para governar", reagiu em declarações à rádio Europe 1 o primeiro-ministro de centro Gabriel Attal, para quem se trata de "um partido de oposição e não de governo".
O RN e seus aliados lideram as pesquisas para as legislativas com quase 35% das intenções de voto, seguidos pela coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que soma entre 27% e 29,5%, e a aliança centrista de Macron com cerca de 20%.
Durante a apresentação de seu programa, o líder da extrema direita reiterou as principais linhas do seu movimento sobre a segurança e o controle da imigração. Também prometeu um "big bang de autoridade" nas escolas, ao propor o uso de uniformes, a obrigação de se referir aos professores como "senhor" e a proibição dos telefones celulares nos centros de ensino.
"Sete anos de 'macronismo' enfraqueceram o país", disse Bardella, que reiterou os planos para expulsar estrangeiros condenados por crimes e cortar gastos "que favorecem a imigração".
Para tentar atrair os eleitores de direita descontentes com Macron, o candidato a primeiro-ministro do RN atacou os resultados econômicos do governo de Macron, com dívida e déficit públicos superiores aos limites europeus.
Também criticou o programa da NFP, que para ele provocará o aumento da imigração e uma profunda crise econômica. "A França vai virar a Venezuela, mas sem petróleo", acrescentou.
- 'Muito vigilante' com a Rússia -
Sobre a política internacional, o candidato a primeiro-ministro garantiu que, se chegar ao poder, pretende manter o apoio do país à Ucrânia, mas será contrário ao envio de mísseis de longo alcance e de tropas francesas ao território ucraniano.
Embora os críticos considerem o RN próximo do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Bardella garantiu que seu eventual governo permanecerá "muito vigilante às tentativas de interferência da Rússia", país que considerou uma "ameaça para a França e a Europa".
Ao falar sobre o conflito entre Israel e o movimento islamista Hamas na Faixa de Gaza, ele declarou que "reconhecer hoje um Estado palestino seria reconhecer o terrorismo". A França abriga a principal comunidade judaica da Europa.
Apesar dos temores sobre a chegada da extrema direita ao poder na França, o atual eurodeputado tentou mostrar tranquilidade e se apresentou como o primeiro-ministro de "todos os franceses" e "garantidor das instituições", contra a "desordem e a violência".
Macron, cujo mandato termina em 2027, provocou um terremoto político na França com a antecipação inesperada das eleições, que podem obrigá-lo a compartilhar o poder com um governo de outra tendência política, o que é conhecido como coabitação.
"Nosso apoio à Ucrânia permanece e permanecerá constante", disse ele na segunda-feira, depois de se reunir com o secretário-geral da Orgaização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, destacando "a determinação inequívoca da França de apoiar os ucranianos a longo prazo".
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