Publicado 01/07/2024 17:18
A aliança de centro-direita do presidente Emmanuel Macron e a coalizão de esquerda iniciaram nesta segunda-feira (1º) uma semana de campanha decisiva na França para evitar um novo governo de extrema direita na União Europeia (UE).
O partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen e seus aliados, recebeu mais de 33% dos votos no primeiro turno das eleições legislativas celebradas no domingo.
O RN pode conquistar a maioria simples, e inclusive absoluta, dos 577 cadeiras da Assembleia Nacional (Câmara Baixa) após o segundo turno, marcado para 7 de julho, o que abriria o caminho para um governo de extrema direita.
"A extrema direita está às portas do poder", "nenhum voto deve ir para o RN", advertiu no domingo à noite o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal. A possibilidade, no entanto, não parece fácil.
A França escolhe seus deputados em circunscrições uninominais, com um sistema majoritário em dois turnos. O segundo turno pode ser disputado por dois, três ou mais candidatos em cada circunscrição.
Com o RN em posição de força, a pressão aumentou sobre os rivais para que desistam da disputa nos locais em que o segundo turno será disputado por três candidatos, o que aumentaria as chances de vitória contra um adversário de extrema direita.
"Após o choque, formar uma frente unida", pediu nesta segunda-feira o jornal de esquerda 'Libération' na primeira página, com uma foto em preto e branco do candidato de extrema direita ao cargo de primeiro-ministro, Jordan Bardella, de 28 anos.
Os partidos franceses têm aplicado tradicionalmente a política do "cordão sanitário" para isolar o partido herdeiro da Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen, conhecido por seus comentários racistas e antissemitas.
Mas o principal obstáculo para sua aplicação é a relutância do partido no poder em pedir votos para os candidatos da legenda A França Insubmissa (LFI, esquerda radical), partido que Macron descreveu como "antissemita e antiparlamentar".
Apesar das críticas, que a LFI rejeita com veemência, a esquerda - da ala social-democrata até os anticapitalistas – apresentou-se unida na Nova Frente Popular (NFP), que ficou em segundo lugar no domingo, com quase 28% dos votos.
Macron, que viu seu bloco de centro-direita terminar em terceiro, com apenas 20% dos votos, fez um apelo por uma aliança "ampla" contra a extrema direita no segundo turno, mas sem explicar se vai apoiar os candidatos da esquerda radical.
'Precisamos de maioria absoluta'
PublicidadeO partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen e seus aliados, recebeu mais de 33% dos votos no primeiro turno das eleições legislativas celebradas no domingo.
O RN pode conquistar a maioria simples, e inclusive absoluta, dos 577 cadeiras da Assembleia Nacional (Câmara Baixa) após o segundo turno, marcado para 7 de julho, o que abriria o caminho para um governo de extrema direita.
"A extrema direita está às portas do poder", "nenhum voto deve ir para o RN", advertiu no domingo à noite o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal. A possibilidade, no entanto, não parece fácil.
A França escolhe seus deputados em circunscrições uninominais, com um sistema majoritário em dois turnos. O segundo turno pode ser disputado por dois, três ou mais candidatos em cada circunscrição.
Com o RN em posição de força, a pressão aumentou sobre os rivais para que desistam da disputa nos locais em que o segundo turno será disputado por três candidatos, o que aumentaria as chances de vitória contra um adversário de extrema direita.
"Após o choque, formar uma frente unida", pediu nesta segunda-feira o jornal de esquerda 'Libération' na primeira página, com uma foto em preto e branco do candidato de extrema direita ao cargo de primeiro-ministro, Jordan Bardella, de 28 anos.
Os partidos franceses têm aplicado tradicionalmente a política do "cordão sanitário" para isolar o partido herdeiro da Frente Nacional de Jean-Marie Le Pen, conhecido por seus comentários racistas e antissemitas.
Mas o principal obstáculo para sua aplicação é a relutância do partido no poder em pedir votos para os candidatos da legenda A França Insubmissa (LFI, esquerda radical), partido que Macron descreveu como "antissemita e antiparlamentar".
Apesar das críticas, que a LFI rejeita com veemência, a esquerda - da ala social-democrata até os anticapitalistas – apresentou-se unida na Nova Frente Popular (NFP), que ficou em segundo lugar no domingo, com quase 28% dos votos.
Macron, que viu seu bloco de centro-direita terminar em terceiro, com apenas 20% dos votos, fez um apelo por uma aliança "ampla" contra a extrema direita no segundo turno, mas sem explicar se vai apoiar os candidatos da esquerda radical.
'Precisamos de maioria absoluta'
A chegada ao poder da extrema direita, pela primeira vez desde a libertação da França da ocupação da Alemanha nazista em 1945, adicionaria um novo país na UE governado por esta tendência, como a Itália.
A Europa está com os olhares voltados para a França. "Ninguém pode ficar indiferente [...] se na casa do nosso parceiro próximo e melhor amigo um partido que vê a Europa como o problema e não como a solução vence amplamente", declarou a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, nesta segunda-feira.
O chefe de Governo da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou que mantém a "esperança na mobilização da esquerda francesa".
No Reino Unido, que terá eleições legislativas na quinta-feira (4), o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, afirmou que a "lição" a ser aprendida com as eleições francesas é que as preocupações cotidianas dos eleitores devem ser "respondidas".
Outros, no entanto, saudaram o resultado com entusiasmo, como a líder italiana de extrema direita, Giorgia Meloni, que comemorou que a "demonização" da extrema direita não funciona mais.
Os Estados Unidos declararam que pretendem manter a estreita cooperação com a França apesar do resultado histórico para a extrema direita no primeiro turno.
A Rússia, por sua vez, afirmou que acompanha "muito de perto as eleições na França". A vitória da extrema direita poderia enfraquecer a política de Macron de apoio à Ucrânia contra Moscou.
O partido de Le Pen, cujos críticos consideram próximo da Rússia de Vladimir Putin, garante, no entanto que apoia Kiev e deseja evitar uma escalada com Moscou.
Macron, que tem mandato até 2027, antecipou as legislativas após a vitória do RN nos eleições europeias na França e agora corre o risco de compartilhar o poder com um governo de outra tendência política, a menos de um mês dos Jogos Olímpicos de Paris.
"Precisamos de maioria absoluta para poder governar", disse Le Pen no domingo em Hénin-Beaumont, no norte da França. O programa do RN defende o reforço do controle da imigração, mais "autoridade" nas escolas e a redução da conta de energia elétrica das residências, entre outras medidas.
Se o partido não conquistar maioria absoluta, a França pode viver um período de bloqueio institucional, com três blocos no Parlamento – esquerda, centro-direita e extrema direita – e sem possibilidade de convocar novas eleições antes de 12 meses.
A Europa está com os olhares voltados para a França. "Ninguém pode ficar indiferente [...] se na casa do nosso parceiro próximo e melhor amigo um partido que vê a Europa como o problema e não como a solução vence amplamente", declarou a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, nesta segunda-feira.
O chefe de Governo da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou que mantém a "esperança na mobilização da esquerda francesa".
No Reino Unido, que terá eleições legislativas na quinta-feira (4), o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, afirmou que a "lição" a ser aprendida com as eleições francesas é que as preocupações cotidianas dos eleitores devem ser "respondidas".
Outros, no entanto, saudaram o resultado com entusiasmo, como a líder italiana de extrema direita, Giorgia Meloni, que comemorou que a "demonização" da extrema direita não funciona mais.
Os Estados Unidos declararam que pretendem manter a estreita cooperação com a França apesar do resultado histórico para a extrema direita no primeiro turno.
A Rússia, por sua vez, afirmou que acompanha "muito de perto as eleições na França". A vitória da extrema direita poderia enfraquecer a política de Macron de apoio à Ucrânia contra Moscou.
O partido de Le Pen, cujos críticos consideram próximo da Rússia de Vladimir Putin, garante, no entanto que apoia Kiev e deseja evitar uma escalada com Moscou.
Macron, que tem mandato até 2027, antecipou as legislativas após a vitória do RN nos eleições europeias na França e agora corre o risco de compartilhar o poder com um governo de outra tendência política, a menos de um mês dos Jogos Olímpicos de Paris.
"Precisamos de maioria absoluta para poder governar", disse Le Pen no domingo em Hénin-Beaumont, no norte da França. O programa do RN defende o reforço do controle da imigração, mais "autoridade" nas escolas e a redução da conta de energia elétrica das residências, entre outras medidas.
Se o partido não conquistar maioria absoluta, a França pode viver um período de bloqueio institucional, com três blocos no Parlamento – esquerda, centro-direita e extrema direita – e sem possibilidade de convocar novas eleições antes de 12 meses.
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