Presidente chinês, Xi Jinping, e seu homólogo russo, Vladimir PutinAFP
Publicado 03/07/2024 14:38
O presidente russo, Vladimir Putin, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, exaltaram seus esforços para fortalecer sua aliança antiocidental, nesta quarta-feira (3), no Cazaquistão, à margem de uma cúpula na qual também buscam aumentar sua influência na Ásia Central.

Putin e Xi se reuniram em Astana, capital da principal economia da Ásia Central, onde acontece nesta quinta-feira a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCS).

Este bloco regional, liderado por Pequim e que inclui a Ásia Central, Índia e Irã, é concebido como uma plataforma de cooperação frente a organizações ocidentais.

"As relações russo-chinesas, nossa parceria global e nossa cooperação estratégica estão passando pelo melhor momento de sua história", afirmou Putin em declarações transmitidas pela televisão antes da reunião bilateral.

Sobre a OCS, o líder russo disse que "se consolidou como um dos pilares chave de uma ordem mundial multipolar justa", usando uma linguagem habitual nas críticas de Moscou ao Ocidente.

O encontro entre Putin e Xi ocorre um mês e meio depois de o presidente russo viajar à China em busca de mais apoio para sua guerra na Ucrânia.

A OCS representa 40% da população mundial e cerca de 30% do PIB mundial, mas à parte desses símbolos fortes, existem numerosos desacordos entre seus membros.

Influência na Ásia Central
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Em breves declarações na abertura da reunião, Xi disse a Putin que Moscou e Pequim precisam continuar "mantendo a aspiração original de amizade" bilateral "diante da turbulenta situação internacional".

Embora Rússia e China desejem formar uma frente comum contra as potências ocidentais, são rivais históricos pela influência na Ásia Central, uma região rica em hidrocarbonetos e fundamental para o transporte de mercadorias entre a Europa e a Ásia.

Os cinco países da região - Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão - são ex-repúblicas soviéticas e compartilham laços culturais, linguísticos e econômicos com a Rússia.

O hermético Turcomenistão não é membro da OCS, mas os outros quatro Estados centro-asiáticos são, junto com Índia, Irã e Paquistão.

Desde a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022, Moscou tem tentado manter sua influência nesses países, frente aos crescentes investimentos da China.

A Ásia Central é um elo essencial na iniciativa chinesa Novas Rotas da Seda, um gigantesco projeto de infraestrutura lançado há dez anos por Xi Jinping.

"Uma paz justa"
Putin também se reuniu com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, cujo país é um "parceiro de diálogo" da OCS, e que convidou o presidente russo a visitar a Turquia "o mais rápido possível". "Certamente irei", respondeu Putin.

A Turquia, membro da Otan, tem proposto várias vezes sua mediação para acabar com o conflito na Ucrânia.

Erdogan assegurou a Putin que a Turquia "pode estabelecer as bases de um consenso para acabar com a atual guerra entre Rússia e Ucrânia, primeiro com um cessar-fogo e depois com a paz", segundo um comunicado da presidência turca.

"Uma paz justa que satisfaça ambas as partes é possível", acrescentou.

Belarus, aliado próximo da Rússia na guerra na Ucrânia, se juntará formalmente à OCS nesta quinta-feira, ao final da cúpula.

Em uma entrevista à agência de notícias cazaque Kazinform, o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, afirmou que o bloco demonstra "ao mundo que existem (...) outros centros de poder nos quais os interesses de todos os Estados são respeitados sem exceção".
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