Presidente Nicolás MaduroAFP
Publicado 03/07/2024 18:20
Venezuela e Estados Unidos concordaram em "melhorar as relações" bilaterais, após a retomada de um processo de negociação entre os dois países, informou, nesta quarta-feira (3), o chefe negociador da delegação do presidente Nicolás Maduro.

O chefe de Estado venezuelano, que busca uma terceira reeleição em 28 de julho, anunciou há dois dias, de forma surpreendente, a realização desta reunião, que ocorre três meses após o restabelecimento das sanções ao petróleo venezuelano por parte de Washington.

"Após esta primeira reunião, acordamos: 1. A vontade de ambos os governos de trabalhar em conjunto para ganhar confiança e melhorar as relações", escreveu Jorge Rodríguez, representante do governo venezuelano, na rede social X.

E "manter comunicações de maneira respeitosa e construtiva", acrescentou.

Caracas e Washington realizaram negociações secretas entre altos funcionários no final do ano passado no Catar, como anunciado na época por Rodríguez, que também preside o Parlamento. Os detalhes das conversas não foram divulgados, mas culminaram com uma troca de prisioneiros: os Estados Unidos libertaram Alex Saab, acusado de ser "laranja" de Maduro, e a Venezuela soltou 28 detidos, 10 americanos e 18 venezuelanos.

Maduro afirmou na segunda-feira que as conversas foram retomadas após uma proposta dos Estados Unidos que ele decidiu aceitar depois de "pensar por dois meses".

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse mais cedo que os Estados Unidos encaravam a reunião "de boa-fé".

"Não tenho detalhes específicos para compartilhar sobre o compromisso diplomático, mas sem dúvida o acolhemos de boa-fé", afirmou.

'Não será fácil'
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A reunião foi virtual, especificou Rodríguez, e serviu para que a Venezuela expressasse "rejeição às distorções que têm sido repetidamente publicadas sobre este diálogo por porta-vozes do governo americano".

Rodríguez não entrou em detalhes, mas o governo dos Estados Unidos tem sido muito crítico em relação à organização das eleições presidenciais e aos obstáculos que, segundo denuncia, as autoridades eleitorais da situação impuseram à participação de opositores.

Venezuela e Estados Unidos não têm relações diplomáticas desde 2019, depois que a Casa Branca não reconheceu a segunda reeleição de Maduro um ano antes, que tachou de fraudulenta.

Washington impôs uma série de sanções com as quais tentou, sem sucesso, derrotar Maduro. O pacote incluía um embargo petroleiro, que foi flexibilizado em outubro como prêmio ao acordo eleitoral alcançado entre o governo Maduro e a oposição.

Mas Washington voltou atrás na medida, em meio a críticas contra a organização das eleições, inclusive a inabilitação política da líder opositora María Corina Machado, favorita nas pesquisas.

A oposição lançou Edmundo González Urrutia como substituto para enfrentar Maduro em eleições marcadas pela incerteza.

A Casa Branca também criticou as prisões de opositores, ocorridas nos últimos seis meses, que já somam 46, segundo a ONG Acesso à Justiça, e a decisão de retirar o convite à UE para acompanhar o processo das eleições presidenciais.

"Temos claro que a mudança democrática não será fácil e requer um compromisso sério", insistiu Jean-Pierre. "Continuamos comprometidos em apoiar a vontade do povo da Venezuela e um caminho para uma governabilidade democrática através de eleições competitivas e também inclusivas."
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