Mohammed Abu Salmiya é uma das pessoas que alegam ter sido torturadasBashar Taleb/AFP
Publicado 05/07/2024 11:34
Vários habitantes de Gaza que foram detidos contaram à AFP que foram torturados pelas forças israelenses, acusados por organizações de direitos humanos de violarem os direitos dos prisioneiros palestinos.
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Quatro organizações israelenses apelaram ao Supremo Tribunal, em maio, contra alterações que facilitam a detenção sem julgamento de moradores de Gaza, introduzidas após o ataque do Hamas a Israel em 7 de Outubro, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.
Após mais de sete meses de detenção, o diretor do hospital Al Shifa na cidade de Gaza, Mohammed Abu Salmiya, foi libertado no dia 1º de julho com outros dez prisioneiros. Ele disse que foi submetido a "fortes torturas" e que numerosos detidos "morreram nos centros de interrogatório".
Em 11 de junho, outros 50 habitantes de Gaza foram libertados. Um correspondente da AFP conseguiu falar com alguns deles no hospital Kamal Adwan em Beit Lahia, no norte do estreito território, governado pelo movimento islamista palestino Hamas desde 2007.
"Eles me espancaram dia e noite. Estávamos vendados, com as mãos e os pés acorrentados, e nos jogaram aos cachorros", disse Mahmud Al Zaanin, 37 anos.
"Fui torturado. Juro por Deus, apontaram quatro vezes contra meus órgãos genitais", explicou este pai. Os militares israelenses não responderam aos pedidos de comentários da AFP.
Um porta-voz militar transmitiu, na quinta-feira (4), uma declaração de maio na qual o Exército "rejeita totalmente as alegações de abusos sistemáticos".
O documento destaca também que as forças armadas respeitam a legislação israelense e internacional e "protegem os direitos" dos detidos. O Exército indicou que quando há "suspeitas de infração criminal" são abertas investigações.
Segundo ele, os detidos libertados estão sob o controle do Hamas, "o que pode forçá-los a fornecer informações falsas". A agência de segurança interna israelense, Shin Beth, também não comentou esta informação, depois de ter sido contactada pela AFP.
As Nações Unidas denunciaram na quarta-feira (3) o tratamento "inaceitável" dos prisioneiros palestinos e exigiram a abertura de uma investigação.
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