Paul Nthenge Mackenzie está preso pela morte de 400 pessoas no QuêniaAFP
Publicado 08/07/2024 08:30
O líder de uma seita evangélica no Quênia começou a ser julgado nesta segunda-feira (8) por acusações de terrorismo, após a morte de mais de 400 dos seus seguidores, a quem prometeu que conheceriam "Jesus". As autópsias revelaram que a maioria das vítimas morreu de fome, enquanto outras, incluindo crianças, teriam sido estranguladas, espancadas ou sufocadas.

Paul Nthenge Mackenzie, um ex-taxista que se autodenominava pastor, compareceu a um tribunal de Mombaça, nas margens do Oceano Índico, juntamente com outros 94 acusados, indicou um jornalista da AFP.

Ele foi preso em abril de 2023, depois que 429 corpos foram encontrados na floresta de Shakahola, perto da costa queniana do Oceano Índico, onde Mackenzie pregava. O ex-taxista é acusado de ter incitado seus seguidores a jejuar até a morte para "conhecer Jesus".

Ele e os demais réus se declararam inocentes das acusações de terrorismo durante uma audiência em janeiro. Eles também são acusados de assassinato, tortura, crueldade e sequestro em vários casos distintos.
Publicidade
Regulamentação de igrejas

As descobertas macabras levaram o governo queniano a determinar a necessidade de estabelecer maiores controles sobre as denominações religiosas, em um país com uma história de pastores autoproclamados, que luta para regulamentar igrejas e cultos envolvidos na criminalidade.

Um relatório de uma comissão do Senado apontou "falhas" da polícia e do sistema judicial, que não impediram a atividade do pastor, apesar de ter sido preso várias vezes por extremismo.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia também afirmou em um relatório em março que a polícia ignorou vários avisos sobre a seita, incluindo de um antigo seguidor que pediu ajuda no Facebook em novembro de 2022.

Em março, as autoridades começaram a devolver os corpos das vítimas aos seus familiares, após quase um ano de trabalho para identificá-los com base no DNA.

O governo anunciou que a floresta Shakahola se tornará um "lugar de memória", "para que os quenianos e o mundo não esqueçam o que aconteceu".
 
 
 
 
 
Leia mais