Joe Biden, presidente dos EUASaul Loeb / AFP
Publicado 10/07/2024 08:33
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta terça-feira (9) o envio de sistemas de defesa antiaérea para a Ucrânia, à margem de uma cúpula da Otan em Washington.

"A guerra acabará e a Ucrânia continuará sendo um país livre e independente. A Rússia não vai vencer", declarou Biden, de 81 anos, em um discurso destinado a dissipar as dúvidas dentro do Partido Democrata sobre sua candidatura à reeleição em novembro, após o debate desastroso contra seu rival republicano Donald Trump.

"Este é um momento crucial para a Europa, para a comunidade transatlântica e, devo acrescentar, para o mundo", afirmou.

Ele participou com os líderes, ou seus representantes, dos 32 países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de uma cerimônia em comemoração dos 75 anos da criação da aliança militar.

Em um comunicado conjunto, vários países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), incluindo os Estados Unidos, confirmaram o envio de um total de cinco desses sistemas, incluindo quatro baterias Patriot e mísseis terra-ar particularmente eficazes para interceptar mísseis balísticos russos.

O quinto sistema de defesa antiaérea anunciado nesta terça-feira é uma bateria de mísseis Samp-T, de fabricação franco-italiana, que a Itália já havia prometido.

O destaque é a bateria Patriot que os Estados Unidos vão fornecer. O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, tem pedido essa ajuda há meses.

Em um discurso pronunciado à tarde, Zelensky também pediu, em particular aos Estados Unidos, que não esperem o resultado das eleições presidenciais de novembro para reforçar o apoio à Ucrânia.

"É hora de sair das sombras, de tomar decisões fortes, de trabalhar, de agir e não esperar novembro nem qualquer outro mês", afirmou.

Bombardeios
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Na segunda-feira, a Ucrânia foi alvo de ataques russos que causaram mais de 30 mortes e devastaram o maior hospital infantil do país.

Os aliados também se comprometeram a fornecer outros sistemas Patriot ou equivalentes "este ano" e "dezenas" de sistemas táticos de defesa aérea "nos próximos meses".

"Hoje é Washington", disse Zelensky anteriormente em seu discurso em vídeo. "Estamos lutando para obter mais defesa antiaérea" e "mais aviões F-16", cuja entrega é esperada em breve, acrescentou.

Washington vai reprogramar a entrega já prevista de baterias de mísseis para que Kiev possa receber "centenas de interceptadores terra-ar adicionais ao longo do próximo ano", segundo uma declaração conjunta de Estados Unidos, Países Baixos, Romênia, Alemanha, Itália e Ucrânia.

Momento de respiro 
Os ataques russos deixaram dezenas de mortos e já destruíram metade das capacidades energéticas da Ucrânia.

Como anfitrião da cerimônia de aniversário no local onde foi assinado o Tratado do Atlântico Norte em 1949, Biden conseguiu um momento de respiro em uma campanha eleitoral que está se tornando um calvário para ele.

Cada vez mais, inclusive dentro de seu próprio partido, há apelos para que o presidente permita que outro candidato dispute as eleições contra Trump, após seu péssimo desempenho no debate, no qual ele se mostrou confuso e até divagou.

O bilionário republicano de 78 anos comentou sobre a cerimônia de aniversário da aliança em sua rede social Truth Social. Ele afirmou que, sem ele, "provavelmente a Otan não existiria mais".

Isso porque os europeus se comprometeram a gastar mais com defesa, o que, segundo ele, se deve à pressão que exerceu durante seu mandato.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, lembrou em seu discurso que a aliança não é um "dever", mas o "resultado de escolhas deliberadas e decisões difíceis". O mesmo se aplica ao apoio à Ucrânia, que requer "custos e riscos", apontou.
'Defender a liberdade'
"O maior custo e o maior risco seria a Rússia vencer na Ucrânia. O resultado desta guerra determinará a segurança global nas próximas décadas", disse Stoltenberg. "O momento de defender a liberdade e a democracia é agora. O lugar é a Ucrânia."

Durante a cúpula, Kiev gostaria de avançar com seu pedido de adesão à aliança militar, mas não tem ilusões.

A Ucrânia deseja receber um convite formal, mas vários países, incluindo os Estados Unidos, se opõem. O que Kiev poderia conseguir é uma promessa de adesão "irreversível", mas sob condições, segundo um diplomata que pediu anonimato.

Por sua vez, a Rússia afirmou que acompanhará a cúpula com "atenção máxima".
 
 
 
 
 
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