Begoña Gómez, primeira-dama da EspanhaJavier Soriano/AFP
Publicado 19/07/2024 09:22
Begoña Gómez, a mulher do presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, recorreu, nesta sexta-feira (19), ao seu direito de não prestar depoimento a um juiz que a investiga por suposta corrupção e tráfico de influências, em um caso muito incômodo para o mandatário socialista.

Ela chegou ao tribunal pouco antes das 10h (5h em Brasília), onde entrou pela garagem para driblar os jornalistas. Meia hora depois, Gómez saiu do edifício após se negar a depor, segundo disseram fontes judiciais à AFP.

"Esse procedimento carece de qualquer propósito no momento, sobretudo porque (...) os procedimentos realizados não trouxeram nada contra o réu", disse seu advogado Antonio Camacho a jornalistas fora do tribunal.

"Não entendemos o que está guiando o tribunal de investigação nessa investigação expansiva, que está se tornando cada vez mais extensa", continuou o advogado, que afirmou que nesse processo 'as garantias' de Gómez 'não estão tão protegidas como deveriam estar em um Estado de Direito'.
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Críticas da oposição

A oposição, que direcionou seus ataques contra o Governo por esse assunto, não demorou a criticar a decisão de Gómez de não se explicar ante o tribunal.

"Begoña Gomézz se nega a depor no tribunal, assim como Sánchez se nega a depor no Congresso" sobre esse assunto, escreveu no X Miguel Tellado, porta-voz parlamentar do conservador Partido Popular, principal partido de oposição.

É "um autêntico insulto aos espanhóis e um ataque ao Poder Judiciário", disse, por sua vez, Jorge Buxadé, do partido de extrema direita Vox, terceira força política. O governo de Pedro Sánchez saiu em defesa de Gómez.

"Begoña Gómez está sofrendo uma perseguição cruel, injusta, em um processo judicial recheado de mentiras, de insignificâncias, onde todos os relatórios e todos os depoimentos acreditam que não há nada e por isso a verdade ganhará e a Justiça prevalecerá e a causa será arquivada", afirmou o ministro da Justiça, Félix Bolaños.

Gómez estava inicialmente agendado para 5 de julho, mas a sessão foi adiada naquele dia quando a defesa reclamou que não havia sido notificada de uma das reclamações e pediu tempo para estudá-la.
Investigação

Gómez, que é especialista em captação de recursos, especialmente para fundações e ONGs, é suspeita de ter se aproveitado da posição do marido em seus relacionamentos profissionais, especialmente com Juan Carlos Barrabés, um empresário espanhol que obteve ajuda pública.

A investigação foi aberta após uma denúncia da Manos Limpias, um grupo próximo à extrema direita, que reconheceu ter se baseado exclusivamente em artigos da imprensa. Uma segunda associação, Hazte oír, juntou-se posteriormente ao caso.

Na segunda-feira, perante o juiz Juan Carlos Peinado, Barrabés - que leciona em um curso de mestrado na Universidade Complutense de Madri, dirigido por Gómez - admitiu ter se encontrado com ela cinco ou seis vezes em Moncloa, sede da presidência do governo, duas delas na presença de Sánchez.

O empresário, que obteve cartas de recomendação de Gómez para participar de licitações no valor de vários milhões de euros, garantiu, no entanto, que essas reuniões se limitaram a questões de inovação, de acordo com fontes próximas ao caso.
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