Primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh HasinaAFP
Publicado 05/08/2024 09:33
A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou nesta segunda-feira (5), afirmou o comando das Forças Armadas, em meio a uma onda de protestos contra o governo que já deixou mais de 300 mortos. 
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O comandante do Exército, general Waker-Uz-Zaman, anunciou que vai formar um "governo provisório", após a renúncia da premiê, que fugiu da capital, Daca.
"O país sofreu muito, a economia foi afetada, muitas pessoas morreram, é o momento de acabar com a violência", disse Waker. "Espero que a situação melhore depois do meu discurso", acrescentou.

O que começou em julho como protestos contra as cotas politizadas de admissão para cargos públicos em Bangladesh transformou-se nos piores distúrbios enfrentados por Hasina em 15 anos de poder. 
Grupos de defesa dos direitos humanos acusam o governo de utilizar indevidamente as instituições do Estado para permanecer no poder e acabar com a oposição, inclusive por meio de execuções extrajudiciais.
Hasina, de 76 anos, que conquistou um quarto mandato em janeiro, após eleições que não contaram com uma oposição real, fugiu do país de helicóptero, informou uma fonte próxima à líder política à AFP.

Pouco depois, centenas de manifestantes invadiram sua residência oficial em Daca, a capital do país. A fonte, falou na condição de anonimato, informou que em um primeiro momento Hasina tentou sair do local em um veículo.
Milhares de pessoas exibiram bandeiras e algumas subiram em um tanque nesta segunda durante os protestos. Ao menos 300 pessoas morreram desde o início das mobilizações, segundo uma contagem da AFP baseada em informações divulgadas pela polícia, autoridades e médicos em hospitais.

'Estátua derrubada'
Em um dos pontos dos protestos, os manifestantes derrubaram uma estátua do pai de Hasina, Mujibur Rahman, herói da independência do país em 1971.
Antes da invasão do palácio em Daca pelos manifestantes, o filho de Hasina pediu às forças de segurança que impedissem qualquer tentativa de tomada do poder.

"Seu dever é manter o nosso povo e nosso país seguros, e defender a Constituição", escreveu Sajeeb Wazed Joy, que mora nos Estados Unidos, no Facebook.

Durante os distúrbios, as forças de segurança apoiaram o governo de Hasina. Diante da magnitude dos protestos, o Supremo Tribunal flexibilizou o sistema de cotas, mas as manifestações prosseguiram e começaram a exigir a renúncia de Hasina.

Ao menos 94 pessoas morreram no domingo (4), incluindo 14 policiais, no dia mais violento desde o início dos protestos.

Manifestantes e partidários do governo se enfrentaram em todo o país com pedaços de pau e facas. As forças de segurança abriram fogo contra os protestos.

Em janeiro de 2007, os militares declararam estado de exceção após uma crise política generalizada no país e instauraram um governo provisório, que teve duração de dois anos. Hasina chegou ao poder logo depois, em 2009.

Grupos de defesa dos direitos humanos acusaram o governo de Hasina de utilizar as instituições para se consolidar no poder e reprimir a dissidência, inclusive medidas como execuções extrajudiciais de ativistas da oposição.

'Protesto final'
Soldados e policiais instalaram barreiras de arame farpado nesta segunda no acesso à residência de Hasina, mas a multidão derrubou os bloqueios.

O jornal "Business Standard" calcula que até 400 mil manifestantes estavam nas ruas, mas não foi possível confirmar o número com outras fontes.

"Chegou o momento do protesto final", declarou Asif Mahmud, um dos principais líderes do movimento de protesto.

Durante o discurso nesta segunda-feira, o general Waker-Uz-Zaman afirmou que o papel dos estudantes agora é "manter a calma e nos ajudar".

Os soldados e a polícia não entraram em ação para impedir todos os protestos no domingo, ao contrário do que aconteceu no mês passado, quando as manifestações terminaram em atos de extrema de violência.

O general Ikbal Karim Bhuiyan, um respeitado ex-comandante do Exército, pediu no domingo a saída das tropas das ruas e a autorização de protestos, um gesto que foi interpretado como um desafio a Hasina.

O movimento contra o governo conquistou o apoio de vários setores da sociedade, incluindo estrelas de cinema, músicos e cantores.
*Com informações da AFP
"O país sofreu muito, a economia foi afetada, muitas pessoas morreram, é o momento de acabar com a violência", disse Waker. "Espero que a situação melhore depois do meu discurso", acrescentou.
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