Presidente do Chile, Gabriel BoricAFP
Publicado 07/08/2024 13:58
O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou nesta quarta-feira, 7, não ter dúvidas de que o governo de Nicolás Maduro tenta "cometer uma fraude" ao não apresentar publicamente as atas da eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela, da qual foi proclamado vencedor.
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"Não tenho dúvidas de que o regime de Maduro tentou cometer uma fraude. Se não, teriam mostrado as famosas atas. Por que não o fizeram? Se tivessem vencido, claramente teriam mostrado as atas", disse Boric em uma declaração no Palácio de La Moneda.
O mandatário chileno foi um dos primeiros governantes a questionar a transparência das eleições presidenciais na Venezuela. Na mesma noite da votação, afirmou que os resultados que deram a vitória a Maduro com 51,2% dos votos eram "difíceis de acreditar".
Vários governos não reconhecem os resultados deste pleito, e a oposição venezuelana afirma que o vencedor foi o ex-diplomata Edmundo González Urrutia.
"O Chile não reconhece a vitória autoproclamada de Maduro. Além disso, não confiamos na independência, nem na imparcialidade das atuais instituições na Venezuela", acrescentou Boric.
O chanceler venezuelano, Yván Gil, reagiu imediatamente. "O senhor @GabrielBoric se coloca à direita de (Javier) Milei (presidente da Argentina) e do Departamento de Estado dos EUA, sua máscara caiu definitivamente, seu governo pinochetista e golpista fica nu", escreveu na rede social X.
Boric também disse que na Venezuela estão "sendo cometidas graves violações aos direitos humanos, reprimindo as pessoas que estão se manifestando e, além disso, iniciando perseguições penais que são irrisórias".
Segundo a ONG venezuelana de direitos humanos Provea, o número de mortos na Venezuela durante as manifestações opositoras contra a reeleição de Maduro subiu para 24 na quarta-feira.
As autoridades venezuelanas, por sua vez, relataram que dois militares morreram em incidentes violentos que eclodiram na mesma noite da eleição.
Na segunda-feira, o presidente chileno se reuniu em Santiago com seu contraparte brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que realiza gestões juntamente com o colombiano Gustavo Petro e o mexicano Andrés Manuel López Obrador para buscar uma saída para a crise na Venezuela.
"O compromisso com a paz é o que nos leva a conclamar as partes ao diálogo e promover o entendimento entre governo e oposição", afirmou Lula, cujo governo tampouco reconheceu abertamente a reeleição de Maduro.
"O respeito pela soberania popular é o que nos move para defender a transparência e os resultados" das eleições, acrescentou.
Lula e Boric tampouco reconheceram o opositor González Urrutia como o vencedor do pleito, como fizeram os governos de Argentina, Equador, Peru, Uruguai, Costa Rica, Panamá e Estados Unidos.
Em represália à posição assumida por Boric sobre o processo eleitoral, a Venezuela expulsou a delegação diplomática chilena em Caracas.
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