Grupo retornou ao poder em 2021Ahmad Sahel Arman/AFP
Publicado 14/08/2024 07:36
Os talibãs celebraram nesta quarta-feira (14) o terceiro aniversário de seu retorno ao poder no Afeganistão com um desfile militar na antiga base americana de Bagram, onde o primeiro-ministro Hassan Akhund prometeu "manter o rumo da lei islâmica".

Centenas de convidados compareceram à base, que fica 50 quilômetros ao norte de Cabul, para um desfile de mais de uma hora de duração com helicópteros, caminhões, lançadores de foguetes e blindados de origem soviética, mas também com equipamentos americanos recuperados pelos talibãs após sua vitória relâmpago em 2021.

Também participaram no evento as motocicletas com galões amarelos que, durante a rebelião contra o governo apoiado pelo Ocidente, foram utilizadas para transportar bombas de fabricação caseira em vários atentados.

Em um discurso ao público, o primeiro-ministro afegão Hassan Akhund defendeu a manutenção das políticas islamistas aplicadas até o momento, muito criticadas pela comunidade internacional.

"Nossos dirigentes devem ter consciência de que nossos deveres não cessaram com a jihad (guerra santa). Agora temos a responsabilidade de manter o rumo da lei islâmica", disse Akhund.

Em 15 de agosto de 2021, os talibãs entraram em Cabul, o que provocou a fuga do governo e o colapso da coalizão ocidental liderada pelos Estados Unidos que havia expulsado o grupo do poder 20 anos antes.

A vitória é celebrada um dia antes, seguindo o calendário afegão (e persa).
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Segurança reforçada
Após o desfile em Bagram, as celebrações continuaram no estádio Ghazi, na capital Cabul, onde centenas de homens com capacetes e camisas brancas participaram em exibições de boxe e luta.

Nenhuma mulher participa nas celebrações e até mesmo as jornalistas foram proibidas de cobrir o aniversário.

Os talibãs aplicam a lei islâmica de forma extremamente rigorosa. Em três anos de governo, o grupo restringiu severamente a liberdade das mulheres, que estão cada vez mais afastadas dos espaços públicos.

Desde o início da semana, milhares de bandeiras pretas e brancas do emirado islâmico são exibidas nas ruas de Cabul, em meio a medidas de segurança drásticas diante do temor de um novo ataque do grupo Estado Islâmico (EI).

Embora compartilhem a ideologia islamista e sunita com os talibãs, o EI é a principal ameaça à segurança dos novos governantes do Afeganistão e executou vários atentados mortais no país nos últimos anos, o mais recente no domingo passado em um bairro xiita de Cabul.

Depois de três anos de administração talibã, o Afeganistão continua sendo um dos países mais pobres do mundo, com elevado índice de desemprego e uma grave crise humanitária.

Nenhum país reconheceu o governo talibã devido a suas políticas contrárias às liberdades das mulheres, excluídas do mundo do trabalho e das salas de aula.

Mas o governo conseguiu alguns progressos diplomáticos ao estabelecer relações com os países vizinhos, a China e a Rússia. Também iniciou um diálogo com o Ocidente ao participar, pela primeira vez em junho, em negociações em Doha.

"Os países que cooperam com os talibãs deveriam recordar o governo de seus abusos contra as mulheres e as meninas", afirmou a ONG Human Rights Watch.
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