Missa faz parte de um dos grandes momentos da viagem do Papa pela região Ásia-PacíficoAFP
Publicado 10/09/2024 11:30
Mais de 600 mil pessoas acompanharam nesta terça-feira (10), sob um calor intenso, a missa de duas horas do papa Francisco em Dili, capital do Timor Leste, um dos grandes momentos de sua viagem pela região Ásia-Pacífico.

Francisco, de 87 anos, superou todos os receios com seu estado de saúde durante a cerimônia que aconteceu em uma grande esplanada na periferia de Díli, sem parecer afetado pela sensação térmica e nível de umidade extremos.

Após a missa, o jesuíta argentino abençoou a multidão por 20 minutos a bordo do papamóvel, em meio a aplausos e muitas fotos dos fiéis com seus smartphones.
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Mais de 600 mil pessoas assistiram à missa na esplanada e suas imediações, o equivalente a quase metade da população do país, de 1,3 milhão de habitantes, informou o Vaticano em um comunicado, que cita uma estimativa das autoridades locais.

"Estou muito feliz, sinto uma emoção que nunca senti antes. Sinto que Cristo está no meu coração", disse José da Costa Guterres, 49 anos, que compareceu à missa de muletas devido a um acidente recente.

Dezenas de milhares de fiéis chegaram durante a madrugada para a missa, que começou às 16H30 locais (4h30 de Brasília).

"É como se tivéssemos um novo impulso para as nossas vidas, para o povo do Timor Leste, para a paz", declarou à AFP Natércia do Menino Jesus Soares, 33 anos, que usava uma camisa, um boné e um lenço com a imagem do papa Francisco.

O pequeno país é a terceira etapa da longa viagem de 12 dias do pontífice, que já passou por Indonésia e Papua-Nova Guiné e terminará em Singapura.

'Crocodilos'
Ao final da cerimônia, o papa citou os crocodilos para improvisar uma metáfora sobre a necessidade de não ceder às más influências.

"Tenham cuidado com os crocodilos que querem mudar a sua cultura, a sua história, e que mordem muito", disse Francisco.

Desde sua chegada ao Timor Leste, na segunda-feira, o pontífice é celebrado como um astro pelas multidões nas ruas, em um ambiente de euforia.

A alegria generalizada reflete o entusiasmo gerado pela visita do papa a este país com uma população 98% católica, onde as pessoas sobem em telhados e postes para receber uma bênção ou ver Francisco de longe.

Em Díli, a imagem do jesuíta argentino está em todos os lados. Em um discurso na catedral de Díli, Francisco pediu aos fiéis que divulguem "o perfume do Evangelho" contra o alcoolismo, a violência e a falta de respeito às mulheres. A agenda do papa para terça-feira inclui ainda encontros com jesuítas e com crianças com deficiência.

Críticas ao custo da visita 
Esta é a segunda visita de um pontífice ao Timor Leste, após João Paulo II. "É um orgulho para nós. É uma bênção de Deus para nós, para o povo desta terra", disse Atanasio Sarmento de Sousa, membro da comissão que organizou a visita de Francisco.

No primeiro dia no Timor Leste, Francisco discursou para as autoridades e celebrou o período de "paz e liberdade" no país após sua independência em 2002, mas fez um apelo para que evitem os abusos contra os jovens após vários escândalos de pedofilia na Igreja local.

A história do país mais jovem do sudeste asiático, uma democracia de 1,3 milhão de habitantes, foi marcada por séculos de colonização portuguesa, quase 25 anos de ocupação indonésia (dezembro de 1975 a outubro de 1999) e um referendo de independência apoiado pela ONU.

Timor Leste conseguiu a independência formal em 2002, após uma ocupação brutal da Indonésia que deixou mais de 200 mil mortos.

A jovem democracia também é uma das nações mais pobres do mundo que, no entanto, gastou 12 milhões de dólares (67 milhões de reais) para reformar a capital antes da visita do papa, o que provocou críticas de grupos de ativistas, que também denunciaram a derrubada de algumas casas na área de celebração da missa. O governo alega que os imóveis haviam sido construídos de maneira ilegal.

As autoridades também expulsaram os vendedores ambulantes e as pessoas em situação de rua das áreas que seriam visitadas por Francisco.
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