O governo Ortega intensificou a repressão após os protestos opositoresINTI OCON/AFP
Publicado 11/09/2024 20:08
A Assembleia Nacional da Nicarágua aprovou nesta quarta-feira (11) uma lei que pune com até cinco anos de prisão publicações que provocarem "alerta ou pânico" entre a população nas redes sociais, chamada de “lei da mordaça” por veículos opositores no exílio.
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A nova norma endurece a lei de crimes cibernéticos de 2020, que levou à acusação e prisão de opositores e jornalistas na Nicarágua por “divulgação de notícias falsas”.
Controle das redes sociais
A nova lei “estaria materializando o controle total das redes sociais", disse à AFP o advogado nicaraguense Salvador Marenco, exilado na Costa Rica. “Elas foram fundamentais para a denúncia das violações graves dos direitos humanos" na Nicarágua, destacou, acrescentando que a reforma amplia “a política de repressão transnacional” de Ortega.

A oposição denuncia que a nova lei legaliza a censura nas redes sociais. Já o parlamento afirmou que ela “reforça a prevenção, o confronto, a investigação e a judicialização dos crimes cometidos por pessoas físicas ou jurídicas dentro ou fora do país, por meio de sistemas de informática, novas tecnologias e redes sociais".

As sanções também atingirão os autores "intelectuais, colaboradores necessários, cúmplices ou qualquer outra pessoa que facilite a prática desses crimes”, sejam eles nicaraguenses ou não, acrescentou.
A nova norma se soma à reforma do código penal aprovada na semana passada, que impôs penas de até 30 anos de prisão e o confisco de bens por “crimes contra o Estado” cometidos por qualquer pessoa, em qualquer país do mundo.

O governo Ortega intensificou a repressão após os protestos opositores de 2018, em parte por meio de mudanças na legislação.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU discutiu ontem um relatório sobre a situação na Nicarágua apresentado por Christian Salazar Volkmann, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. O relatório critica a lei aprovada na semana passada e aponta que ela poderia intensificar o que chamou de “repressão” aos nicaraguenses exilados.

A nova lei entrará em vigor após ser publicada no diário oficial La Gaceta.
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