Publicado 20/09/2024 10:19
Mais de 130 chefes de Estado e de Governo são esperados a partir de domingo (22), em Nova York, para o grande encontro anual da ONU em um mundo em chamas devido às guerras na Faixa de Gaza, na Ucrânia e no Sudão, e diante das crises humanitárias que ameaçam a paz mundial.
Publicidade"Do Oriente Médio ao Sudão, à Ucrânia ou em outras partes, vemos as balas e as bombas mutilarem e matarem, os corpos que se amontoam, populações estão traumatizadas, edifícios em ruínas", denunciou recentemente o secretário-geral António Guterres, anfitrião da semana de alto nível da ONU.
Apesar de seu receio de uma escalada regional da guerra em Gaza, do risco nuclear com a invasão russa na Ucrânia e das divisões das grandes potências, o mundo pode "evitar caminhar para uma terceira guerra mundial", disse Guterres.
Este encontro "não poderia ocorrer em um momento mais crítico", comentou a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, recordando uma longa lista de conflitos, violência e crises humanitárias que assolam Gaza, Ucrânia, Sudão, Haiti, Mianmar ou Venezuela.
"Diante de todos estes desafios, é fácil cair no cinismo, abandonar a esperança e renunciar à democracia, mas não podemos permitir isso", insistiu.
No entanto, é pouco provável que a reunião diplomática produza resultados concretos para os milhões de civis que pagam o elevado preço dos conflitos e das violações das liberdades fundamentais e das desigualdades.
Com a presença do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e do novo presidente iraniano, Massoud Pezeshkian, "Gaza será o mais proeminente dos conflitos nos discursos", analisou Richard Gowan, do International Crisis Group.
O ataque sem precedentes dos comandos do Hamas em solo israelense em 7 de outubro de 2023, que matou 1.205 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP com base em números oficiais israelenses.
Os temores de que o conflito se estenda ao Líbano foram amplificados após a série de explosões de dispositivos de comunicação em redutos do Hezbollah, milícia apoiada pelo Irã e aliada do Hamas, atribuídas a Israel.
As ausências mais notáveis, agora habituais, são as dos presidentes russo, chinês, cubano, mexicano e provavelmente venezuelano.
A abertura da Assembleia Geral acontecerá na terça-feira (24), com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seguido por seu homólogo americano, Joe Biden.
Outros líderes também estarão presentes, como o espanhol Pedro Sánchez, o indiano Narendra Modi, ou o ucraniano Volodimir Zelensky.
A presença de representantes de todos os países em Nova York fomenta uma atividade frenética de reuniões bilaterais e setoriais para abordar questões de relevância internacional, enquanto as ONGs realizam reuniões paralelas para promover sua agenda, particularmente a climática.
Um dos encontros terá como foco a análise a situação da Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro foi proclamado reeleito nas eleições de 28 de julho, resultado que a oposição denunciou como fraude.
O Brasil e a Espanha, ao lado de outros 20 líderes, analisarão os riscos do extremismo e da desinformação para as democracias e a paz mundial.
Também será realizada pela primeira vez na história uma reunião do G20 em meio à cúpula das Nações Unidas. O encontro do grupo dos países mais desenvolvidos, presidido pelo Brasil, será aberto a todos os seus membros.
Entre as pautas da agenda estão a reforma do Conselho de Segurança para ampliar o número de membros e o fortalecimento do multilateralismo e da arquitetura financeira internacional para atender aos objetivos de desenvolvimento dos países e enfrentar as ameaças e desafios do século XXI, como a luta contra a mudança climática, o desarmamento ou o desenvolvimento da inteligência artificial.
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