Trump e Putin durante encontro em 2018Mikhail Klimentyev/AFP
Publicado 08/10/2024 14:33
Donald Trump enviou secretamente kits de teste covid-19 quando era presidente ao seu homólogo russo Vladimir Putin, apesar da escassez nos Estados Unidos durante a pandemia, e conversou com ele várias vezes após deixar o cargo, de acordo com um livro do conhecido jornalista Bob Woodward.
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No livro "War" ("Guerra", em tradução livre), do qual o The Washington Post publicou vários fragmentos nesta terça-feira, Woodward, um dos jornalistas que descobriu o Watergate, fornece detalhes sobre Trump.
Ele garante que o candidato republicano à Casa Branca manteve contato com Putin, inclusive durante a sua campanha para outro mandato presidencial, apesar de a Rússia travar uma guerra na Ucrânia, aliada dos Estados Unidos.
Em 2020, em plena pandemia de covid-19, Trump enviou um lote de kits de testes a Putin, que lhe pediu que mantivesse segredo.
De acordo com Woodward, Putin disse a Trump: "Não quero que você conte a ninguém porque as pessoas ficarão bravas com você, não comigo".
Woodward também cita um assessor anônimo de Trump que afirma que o ex-presidente conversou com Putin até sete vezes desde que deixou a Casa Branca em 2021.
No início de 2024, Trump ordenou a este assessor que abandonasse o seu escritório na sua residência em Mar-a-Lago, Flórida, para poder falar ao telefone com Putin, afirma.
O livro estará à venda em 15 de outubro, apenas três semanas antes de uma eleição disputada nos EUA entre Trump e a vice-presidente democrata Kamala Harris.
"Trump foi o presidente mais imprudente e impulsivo da história dos Estados Unidos e está demonstrando o mesmo caráter como candidato presidencial em 2024", escreve Woodward.
A equipe de campanha de Trump chamou o livro de "lixo" e "histórias inventadas". São "o trabalho de um homem verdadeiramente demente e transtornado", disse à AFP o diretor de comunicações, Steven Cheung.
O livro conta alguns dos erros do presidente democrata Joe Biden e sua luta para evitar uma escalada do conflito no Oriente Médio, incluindo a exasperação do mandatário democrata com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, visto que os seus esforços para conseguir que Israel e o Hamas chegassem a um cessar-fogo não tiveram sucesso.
De acordo com a CNN, que obteve uma cópia do livro, Woodward cita repetidamente Biden, que chamou Putin de "epítome do mal", Netanyahu de "mentiroso" e disse que "nunca deveria ter escolhido" Merrick Garland como procurador-geral dos Estados Unidos.
Segundo o livro, durante um telefonema em abril, Biden perguntou a Netanyahu: "Qual é a sua estratégia, cara?". "Temos que entrar em Rafah", respondeu Netanyahu, referindo-se a uma cidade no sul da Faixa de Gaza. "Bibi, você não tem estratégia", respondeu Biden, segundo o jornalista.
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