Mulino desconhece os motivos exatos que levaram à expulsão da organização Médicos Sem FronteirasMartin Bernetti/AFP
Publicado 10/10/2024 17:41
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou nesta quinta-feira (10) sua disposição em permitir o retorno da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), expulsa pelo governo anterior após denunciar casos de violência sexual contra migrantes na selva do Darién. A ONG havia interrompido suas atividades no Panamá em fevereiro, após relatar um aumento significativo nos ataques brutais e na violência sexual na perigosa travessia da fronteira com a Colômbia, usada por milhares de migrantes que tentam chegar aos Estados Unidos.
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Mulino, que assumiu o cargo em julho, expressou apoio ao retorno da MSF, desde que a ONG se coordene com as autoridades de saúde e segurança do país. Em sua declaração, o presidente afirmou: "Por mim, podem retornar, desde que haja coordenação com as entidades competentes." Ele também mencionou que não recebeu solicitações formais da MSF para voltar ao país e desconhece os motivos exatos que levaram à expulsão sob o governo de Laurentino Cortizo.
A expulsão da MSF ocorreu após a organização relatar que, em apenas uma semana de fevereiro, 113 migrantes foram atendidos por seus médicos após sofrerem agressões sexuais. O governo anterior justificou a decisão, alegando que a ONG dificultava o trabalho das instituições panamenhas, não repassando informações sobre os casos de abuso sexual denunciados.
A crise migratória no Darién continua alarmante. Mais de meio milhão de pessoas cruzaram a selva em 2023, enfrentando riscos como rios caudalosos, animais selvagens e grupos criminosos. Até o momento, 260 mil migrantes já atravessaram o local este ano, sendo a maioria venezuelanos. O ministro da Segurança, Frank Ábrego, relatou em agosto que "cerca de 45" migrantes morreram na travessia, mas o número real de vítimas é difícil de estimar devido à inacessibilidade da região.
Além da MSF, agências da ONU também prestam assistência aos migrantes na selva do Darién, enquanto o governo panamenho busca formas de lidar com a crise humanitária.
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