Kamala Harris e Donald TrumpAFP
Publicado 16/10/2024 21:53 | Atualizado 16/10/2024 21:54
Kamala Harris prometeu, nesta quarta-feira (16), romper com a presidência de Joe Biden em uma entrevista à emissora Fox News, na qual falou de migração e tentou cortejar os republicanos moderados, antes de uma sessão de perguntas e respostas de Donald Trump com eleitores latinos.

A entrevista da vice-presidente e candidata democrata à Casa Branca foi um cabo de guerra com um inquisitivo Bret Baier, veterano jornalista da emissora preferida dos conservadores.

"Você precisa me deixar terminar" de falar, disse Kamala várias vezes, quando ele lhe perguntou sobre o número de migrantes em situação irregular.

O apresentador, com fama de duro, mas justo, quis saber se ela se arrependia de ter encerrado o programa "Remain in Mexico" (Fique no México), introduzido pelo ex-presidente Trump durante o seu mandato para que os migrantes esperem o desenlace do processo migratório do outro lado da fronteira.

A ex-procuradora de 59 anos insistiu em que o sistema migratório "está quebrado" e acusou Trump de colocar obstáculos para consertá-lo, bloqueando um projeto de lei bipartidário.

O jornalista destacou que migrantes liberados à espera de julgamento migratório cometeram crimes atrozes e o ilustrou com o vídeo da mãe de uma menina assassinada.

"São casos trágicos, não resta dúvida [...] e não posso nem imaginar a dor que vivenciaram as famílias dessas vítimas por uma perda que não deveria ter ocorrido", mas "também é certo que, se a segurança fronteiriça tivesse sido aprovada há nove meses, haveria mais agentes na fronteira" com o México, defendeu-se.

'Nova geração'
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Quando perguntada por que disse em outras entrevistas que não conseguia pensar em nada que teria feito diferente de Biden, ela respondeu: "Minha presidência não será uma continuação" da de Biden.

"Vou contribuir com minha experiência de vida, minha experiência professional e ideias frescas e novas. Represento uma nova geração de liderança", acrescentou.

Kamala também atacou duramente Trump, mais uma vez, por ameaçar usar o Exército contra seus "inimigos internos".

"Ele é quem tende a degradar, menosprezar e rebaixar o povo americano. Ele é quem fala de um inimigo interno", afirmou.

A equipe de campanha de Trump a respondeu imediatamente, dizendo que "estava irritada, na defensiva".

Antes da entrevista, Kamala participou de um comício no estado-chave da Pensilvânia, onde voltou a chamar Trump de "instável" e "perturbado".

Kamala fez uma aposta arriscada com a entrevista na Fox, com a qual espera desempatar as pesquisas com Trump quando faltam menos de três semanas para as eleições.

Trump também apareceu na Fox News, um terreno amigo para ele, em uma sessão de perguntas e respostas com o eleitorado feminino.

'Sou o pai da FIV'
"Quero falar da FIV. Sou o pai da FIV, então quero ouvir essa pergunta", declarou o republicano sobre a fertilização in vitro, na Geórgia, outro estado-chave.

"Do que está falando?", questionou Kamala na rede social X. E garantiu que, na realidade, os republicanos poderiam "acabar com a FIV por completo".

Sobre o direito ao aborto, Trump disse na Fox News que acredita "firmemente" em exceções à sua proibição, como "o estupro, o incesto, o perigo à vida da mãe", mas que cada mulher "deve ouvir seu coração".

O ex-presidente se orgulha de ter nomeado para a Suprema Corte os juízes que extinguiram a proteção federal do direito ao aborto em 2022, deixando nas mãos de cada estado a possibilidade de legislar localmente sobre o tema.

Mas, ao mesmo tempo, faz equilibrismo para tentar não alienar grande parte do eleitorado feminino.

À noite, Trump, de 78 anos, responderá às perguntas de eleitores reunidos em Miami pela Univisión, a maior rede de televisão em espanhol dos Estados Unidos.

O magnate tem conseguido arrancar votos latinos desde que entrou na política.

A maioria desse eleitorado vota nos democratas, mas existe "uma brecha muito significativa" entre mulheres e homens, com os últimos apoiando quase igualmente ele e a vice-presidente Kamala Harris, afirmou nesta quarta Arturo Vargas, diretor do Fundo Educativo da Associação Nacional de Funcionários Latinos Eleitos e Designados (Naleo), em coletiva de imprensa.

Pelo menos 17,5 milhões de latinos votarão nessas eleições, o que pode fazer a diferença, sobretudo nos chamados estados-pêndulo, que não se inclinam por nenhum partido.
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