Blinken foi ao Oriente Médio pela 11ª vez desde o início da guerra na Faixa de GazaAFP
Publicado 22/10/2024 17:23
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, instou nesta terça-feira (22) o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a "aproveitar" a eliminação do líder do Hamas para alcançar um cessar-fogo em Gaza e pediu uma "solução diplomática" no Líbano, onde Israel está combatendo o Hezbollah.

A visita de Blinken ao Oriente Médio, a 11ª desde o início da guerra na Faixa de Gaza há mais de um ano, ocorre quase um mês após a expansão do conflito para o Líbano.

Em sua reunião com Netanyahu em Jerusalém, Blinken "destacou a necessidade de aproveitar" as oportunidades que a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, assassinado em 16 de outubro por soldados israelenses em Gaza, poderia trazer.

Isso significaria alcançar "a libertação de todos os reféns e encerrar o conflito em Gaza de uma maneira que traga segurança tanto para israelenses quanto para palestinos", explicou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

Netanyahu disse a Blinken que a morte de Sinwar "poderia ter um efeito positivo sobre o retorno dos reféns" sequestrados pelo Hamas, segundo um comunicado de seu gabinete.

O chefe da diplomacia americana pressionou para que mais ajuda chegue aos civis em Gaza, diante da crescente preocupação com as dezenas de milhares de pessoas afetadas pelos confrontos no norte do território palestino.

Washington advertiu que poderia suspender parte de sua assistência militar caso Israel não melhore rapidamente o acesso humanitário à área.

'Solução diplomática' no Líbano
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Os esforços internacionais anteriores para acabar com a guerra e conter uma escalada regional fracassaram, e Israel atualmente planeja sua resposta ao ataque de mísseis lançado pelo Irã contra o território israelense em 1º de outubro.

Durante o encontro entre Netanyahu e Blinken, "foi levantada a questão da ameaça iraniana e a necessidade de os dois países unirem forças para combatê-la", informou o gabinete do primeiro-ministro israelense.

Blinken também voltou a pedir uma "solução diplomática" no Líbano e o cumprimento de uma resolução da ONU que pôs fim à guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006.

De acordo com a Resolução 1701, apenas o Exército libanês e a força de manutenção da paz da ONU no Líbano, a Unifil, podem atuar nas áreas próximas à fronteira com Israel.

Pelo menos 1.552 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, quando Israel começou a bombardear alvos do Hezbollah no país, segundo um levantamento com base em dados oficiais.

Em meados de outubro, a ONU contabilizou quase 700.000 pessoas deslocadas no país.

Desde o início da guerra em Gaza, o Hezbollah, aliado do Hamas, tem participado de duelos de artilharia quase diários com Israel, forçando mais de 60.000 israelenses a deixar cidades no norte do país.

Comissário da ONU 'horrorizado'
Os bombardeios israelenses desta terça-feira deixaram pelo menos 10 mortos no sul e no leste do país, segundo autoridades libanesas.

Um bombardeio na noite de segunda, perto de um hospital de Beirute, matou 18 pessoas, quatro delas crianças, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.

Outras 60 ficaram feridas no ataque perto do Hospital Rafic Hariri, o maior estabelecimento de saúde pública do Líbano, localizado fora dos redutos tradicionais do Hezbollah, indicou o ministério.

As crianças estavam brincando do lado de fora e, "quando o primeiro míssil caiu, seguido por outro, eu as vi despedaçadas e gritando", contou Ola Fahed Eid, uma atriz que mora no bairro.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse estar "horrorizado" com o bombardeio e lembrou que "hospitais, ambulâncias e equipes médicas são especificamente protegidos pelo direito humanitário internacional".

O Hezbollah afirmou ter atacado com drones uma base militar perto de Haifa, no norte de Israel, e sete tanques israelenses na fronteira.

O movimento libanês reivindicou a responsabilidade pelo ataque de drones de sábado, que teve como alvo a residência particular de Netanyahu em Cesareia, no centro de Israel, que não estava no local.

Também reconheceu que alguns de seus combatentes foram capturados pelo Exército israelense.

Segue ofensiva em Gaza 
Na Faixa de Gaza, o Exército israelense continua sua ofensiva contra o Hamas no norte do território, que começou em 6 de outubro.

O movimento islamista palestino, no poder desde 2007 em Gaza, declarou que continuará lutando apesar da morte de Sinwar, o cérebro da letal incursão de comandos islamistas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, que desencadeou a guerra.

Os militantes mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses.

Dos 251 sequestrados, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, embora 34 deles tenham sido declarados mortos pelo Exército de Israel.

A ofensiva israelense em Gaza, onde antes da guerra viviam 2,4 milhões de pessoas, resultou até agora em 42.718 mortos, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.
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