Publicado 23/10/2024 10:09
O padre e intelectual peruano Gustavo Gutiérrez, considerado o pai da Teologia da Libertação, movimento cristão voltado para a dignidade dos pobres, morreu na terça-feira (22) aos 96 anos em Lima, informou a ordem religiosa que integrava desde 2001.
Publicidade"A Província Dominicana de São João Batista do Peru lamenta informar que no hoje, 22 de outubro de 2024, partiu para a Casa do Pai o nosso querido irmão Gustavo Gutiérrez Merino", anunciou a ordem religiosa na rede social Facebook.
"Pedimos suas orações para que nosso querido irmão desfrute da vida eterna", acrescentou a ordem.
"Pedimos suas orações para que nosso querido irmão desfrute da vida eterna", acrescentou a ordem.
Nas redes sociais, o padre Julio Lancellotti compartilhou uma postagem colaborativa com a página Frases de Dom Hélder Câmara. "América Latina e sua Igreja perderam uma de suas figuras mais influentes na teologia e no compromisso evangélico: Gustavo Gutiérrez Merino, teólogo, sacerdote, dominicano e fervoroso defensor dos pobres e da Igreja dos pobres", escreveram.
A ordem dominicana no Peru anunciou que nos próximos dias serão celebradas missas em homenagem a Gutiérrez e uma cerimônia na Basílica de Santo Domingo, na capital Lima.
O velório acontecerá a partir da noite desta quarta-feira em um salão da comunidade dos dominicanos de Lima.
Defensor incansável
Intelectual e padre nos bairros mais desfavorecidos de Lima, Gustavo Gutiérrez foi considerado o pai da Teologia da Libertação, uma corrente de pensamento cristão centrada na dignidade dos pobres que teve grande repercussão política na América Latina.
Foi este religioso, que se tornou dominicano aos 76 anos, quem usou esta expressão pela primeira vez em 1968, em uma reunião da Conferência Episcopal Latino-Americana em Medellín (Colômbia), para aplicar os princípios de reforma do Concílio Vaticano II.
Ele também foi um dos primeiros párocos a denunciar as injustiças e desigualdades na América Latina. Segundo sua visão, a Igreja deve voltar a colocar os desfavorecidos no centro da sua ação e ajudá-los a libertar-se das suas condições de vida.
Gutiérrez escreveu o primeiro grande tratado sobre o tema, com o título "Teologia da Libertação: Perspectivas", publicado em 1971 e traduzido em todo o mundo.
Sua obra apresenta uma nova espiritualidade baseada na solidariedade com os mais necessitados e pressiona a Igreja Católica a participar da mudança das instituições sociais e econômicas para promover uma maior justiça social.
Seguindo seus passos, muitos católicos latino-americanos escreveram sobre o tema. Alguns foram criticados pelo Vaticano – e em particular por João Paulo II – por adotarem uma interpretação marxista e revolucionária do tema da libertação cristã. No entanto, o padre Gutiérrez nunca rompeu com a Igreja.
Foi justamente a ordem dominicana do Peru, à qual pertencia desde 2001, que comunicou sua morte e anunciou missas em sua memória e uma homenagem na Basílica de Santo Domingo, em Lima, nos próximos dias. O sepultamento será a partir da noite de quarta-feira.
"Aliviar os pobres"
Foi este religioso, que se tornou dominicano aos 76 anos, quem usou esta expressão pela primeira vez em 1968, em uma reunião da Conferência Episcopal Latino-Americana em Medellín (Colômbia), para aplicar os princípios de reforma do Concílio Vaticano II.
Ele também foi um dos primeiros párocos a denunciar as injustiças e desigualdades na América Latina. Segundo sua visão, a Igreja deve voltar a colocar os desfavorecidos no centro da sua ação e ajudá-los a libertar-se das suas condições de vida.
Gutiérrez escreveu o primeiro grande tratado sobre o tema, com o título "Teologia da Libertação: Perspectivas", publicado em 1971 e traduzido em todo o mundo.
Sua obra apresenta uma nova espiritualidade baseada na solidariedade com os mais necessitados e pressiona a Igreja Católica a participar da mudança das instituições sociais e econômicas para promover uma maior justiça social.
Seguindo seus passos, muitos católicos latino-americanos escreveram sobre o tema. Alguns foram criticados pelo Vaticano – e em particular por João Paulo II – por adotarem uma interpretação marxista e revolucionária do tema da libertação cristã. No entanto, o padre Gutiérrez nunca rompeu com a Igreja.
Foi justamente a ordem dominicana do Peru, à qual pertencia desde 2001, que comunicou sua morte e anunciou missas em sua memória e uma homenagem na Basílica de Santo Domingo, em Lima, nos próximos dias. O sepultamento será a partir da noite de quarta-feira.
"Aliviar os pobres"
Nascido em 8 de junho de 1928 na capital peruana, cresceu em uma família modesta, mas instruída.
Seu interesse por Psicologia e Filosofia o levou a estudar Medicina para se tornar psiquiatra. Porém, aos 24 anos, sua vocação ao sacerdócio falou mais alto.
Depois de se tornar médico em 1950 em Lima, seguiu para a Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, onde estudou Psicologia e Filosofia, e depois para a Universidade Católica de Lyon, onde estudou Teologia.
Ordenado padre em 1959, voltou ao Peru e foi nomeado pároco de Rímac, bairro pobre de Lima.
Foi no meio da pobreza que desenvolveu seu pensamento: a Teologia da Libertação propõe aliviar as condições de vida dos desfavorecidos, mas também transformá-los em atores da sua própria salvação.
Defende uma reorganização da sociedade e denuncia os estragos do capitalismo, responsável, segundo Gutiérrez, pelo sofrimento de muitos "irmãos e irmãs humanos".
"Desafiar a consciência"
Seu interesse por Psicologia e Filosofia o levou a estudar Medicina para se tornar psiquiatra. Porém, aos 24 anos, sua vocação ao sacerdócio falou mais alto.
Depois de se tornar médico em 1950 em Lima, seguiu para a Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, onde estudou Psicologia e Filosofia, e depois para a Universidade Católica de Lyon, onde estudou Teologia.
Ordenado padre em 1959, voltou ao Peru e foi nomeado pároco de Rímac, bairro pobre de Lima.
Foi no meio da pobreza que desenvolveu seu pensamento: a Teologia da Libertação propõe aliviar as condições de vida dos desfavorecidos, mas também transformá-los em atores da sua própria salvação.
Defende uma reorganização da sociedade e denuncia os estragos do capitalismo, responsável, segundo Gutiérrez, pelo sofrimento de muitos "irmãos e irmãs humanos".
"Desafiar a consciência"
Em 1974, fundou e dirigiu um centro de atendimento a desfavorecidos, o Instituto 'Bartolomé de Las Casas', em homenagem ao frade dominicano do século XVI famoso por defender os povos indígenas dos abusos dos colonizadores.
Também foi professor na Universidade Pontifícia do Peru e em diversas instituições americanas e europeias.
Sua Teologia da Libertação fez parte de um movimento sociopolítico mais amplo em uma época em que a América Latina estava dividida por desigualdades ainda mais profundas do que hoje.
Após a instauração de regimes militares na maioria dos países latino-americanos nas décadas de 1960 e 1970, os defensores deste movimento participaram ativamente da resistência contra as ditaduras.
Gutiérrez recebeu vários títulos honorários e prêmios em todo o mundo. Em 2002 ingressou na Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos.
Em seu 90º aniversário, o papa Francisco elogiou seu "serviço teológico" e "seu amor preferencial aos pobres e excluídos da sociedade".
O pontífice agradeceu "sua forma de desafiar a consciência de todos, para que ninguém ficasse indiferente ao drama da pobreza e da exclusão".
Também foi professor na Universidade Pontifícia do Peru e em diversas instituições americanas e europeias.
Sua Teologia da Libertação fez parte de um movimento sociopolítico mais amplo em uma época em que a América Latina estava dividida por desigualdades ainda mais profundas do que hoje.
Após a instauração de regimes militares na maioria dos países latino-americanos nas décadas de 1960 e 1970, os defensores deste movimento participaram ativamente da resistência contra as ditaduras.
Gutiérrez recebeu vários títulos honorários e prêmios em todo o mundo. Em 2002 ingressou na Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos.
Em seu 90º aniversário, o papa Francisco elogiou seu "serviço teológico" e "seu amor preferencial aos pobres e excluídos da sociedade".
O pontífice agradeceu "sua forma de desafiar a consciência de todos, para que ninguém ficasse indiferente ao drama da pobreza e da exclusão".
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