Organização das Nações Unidas (ONU)AFP
Publicado 31/10/2024 10:18
As agências da ONU alertaram nesta quinta-feira (31) que a insegurança alimentar vai ficar ainda mais grave em muitas regiões do mundo e expressaram preocupação especial com Gaza, Haiti, Mali, Sudão e Sudão do Sul.

Os conflitos e a violência armada são a raiz da maioria das situações de fome nas regiões analisadas no relatório semestral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

As condições climáticas extremas também são um fator importante em outras regiões, enquanto as desigualdades econômicas e o alto endividamento em outros países em desenvolvimento reduzem a resistência dos governos, de acordo com o relatório conjunto.

O estudo, que se baseia em pesquisas de especialistas das duas agências com sede em Roma argumenta que é necessária uma ação humanitária urgente para evitar a fome e a morte em Gaza, Haiti, Mali, Sudão e Sudão do Sul.

Nigéria, Chade, Iêmen, Moçambique, Mianmar, Síria e Líbano também estão em situação preocupante.

O relatório se concentra nas “situações mais graves” e, portanto, não representa “todos os países/territórios que enfrentam altos níveis de insegurança alimentar aguda”, dizem os autores.

Pelo segundo ano consecutivo, a ajuda humanitária foi reduzida em 2024. Como resultado, 12 planos para combater a insegurança alimentar estão subfinanciados em mais de 75% em países como Etiópia, Iêmen, Síria e Mianmar.

"Catástrofe"
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Os níveis de insegurança alimentar são medidos em uma escala de 1 a 5. O último nível corresponde a uma situação de “catástrofe”.

Na Faixa de Gaza, o recente recrudescimento das hostilidades aumenta os temores de que um cenário de “catástrofe” se torne realidade, alerta o relatório.

Um total de 41% da população, cerca de 876.000 pessoas, enfrentará níveis “urgentes” de fome (nível 4) no período em estudo e quase 16%, cerca de 345.000 pessoas, atingirão o cenário de “catástrofe”, segundo o estudo.

No Haiti, a violência armada, aliada à contínua crise econômica, aos furacões e à safra ruim de cereais deste ano, vai exacerbar os níveis já críticos de fome.

De acordo com o relatório, quase metade da população (cerca de 5,4 milhões de pessoas) enfrentará um nível agudo de insegurança alimentar. Desses, dois milhões atingirão o cenário de emergência (nível 4).

No Sudão, em meio a um sangrento conflito interno, centenas de milhares de pessoas deslocadas pela guerra entre dois generais beligerantes continuarão a lutar contra a fome.

E, no Sudão do Sul, o número de pessoas nessa situação dobrou entre abril e julho de 2024 em comparação com o ano anterior e pode piorar ainda mais a partir de 2025, quando serão sentidos os efeitos das graves inundações deste mês no país sobre as colheitas.

As consequências diretas e indiretas dos conflitos sobre a insegurança alimentar são consideráveis e vão além da morte de animais e da destruição de plantações, observam os autores do relatório.

As guerras forçam as pessoas a fugirem de suas casas, “interrompendo os meios de subsistência e a renda, limitando o acesso aos mercados e levando a flutuações de preços e produção e consumo irregulares de alimentos”.

Em certas regiões que preocupam a FAO e o PMA, a situação pode piorar ainda mais com a possível recorrência do La Niña no inverno (hemisfério norte) um fenômeno climático natural que pode gerar chuvas fortes, mas também agravar as secas e as ondas de calor.
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