Presidente da China, Xi JinpingAFP
Publicado 14/11/2024 16:54
O presidente da China, Xi Jinping, chegou a Lima nesta quinta-feira (14) para se reunir com seu par dos EUA, Joe Biden, em paralelo a uma cúpula da Ásia-Pacífico dominada pelo nervosismo sobre as guerras comerciais que Donald Trump poderia desencadear.

Xi aterrissou por volta das 13h00 em uma base militar próxima à capital peruana, onde, mais tarde, irá inaugurar o megaporto de Chancay, financiado por Pequim.

Biden e Xi se encontrarão no sábado, no encerramento da reunião anual da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que reúne 21 economias que respondem por 60% do PIB global.

O presidente americano também tem previsão de chegar a Lima nesta quinta.

Esse terceiro encontro será possivelmente o último entre os chefes das duas superpotências antes de Biden entregar as chaves da Casa Branca de volta a Trump em janeiro.

A reunião ocorrerá em meio a tensões devido ao apoio da China à Rússia em sua guerra contra a Ucrânia.

Os dois líderes, que chegaram a acordos sobre combate às drogas e melhoria da comunicação militar na reunião anterior em São Francisco, EUA, participarão da cúpula do G20 na próxima segunda e terça-feira no Brasil.

A cúpula em Lima teve início nesta quinta com reuniões ministeriais a portas fechadas e a participação de representantes do Japão, Coreia do Sul, Canadá, Austrália e Indonésia, entre outros, segundo os organizadores.

Protagonista ausente
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Xi participará da inauguração do megaporto de Chancay com a presidente peruana, Dina Boluarte.

Localizado 80 km ao norte de Lima, o terminal foi financiado pela China a um custo de 3,5 bilhões de dólares (20 bilhões de reais), em mais um sinal da crescente influência de Pequim na América Latina.

"Estamos dispostos a (...) praticar o verdadeiro multilateralismo, promover um mundo multipolar igualitário e ordenado e uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva", escreveu Xi em um artigo publicado no jornal oficial El Peruano.

Embora não participe da cúpula, o interesse gravitará em torno de Trump, o magnata republicano que retorna à presidência dos EUA após uma vitória esmagadora nas eleições de 5 de novembro, nas quais seu partido também ganhou o controle do Congresso.

"Acho que a única coisa sobre a qual os líderes da Apec e do G20 estarão falando é sobre o único líder mundial que não está lá, Donald Trump', disse Victor Cha, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington.

As conversas girarão em torno do que "esperar do novo governo Trump em termos de comércio, alianças e outras questões", acrescentou o especialista em declarações à imprensa.

Falcão para a China
Na quarta-feira, o presidente eleito nomeou o senador republicano Marco Rubio, defensor de uma postura linha-dura em relação à China e ao Irã, para chefiar a diplomacia dos EUA.

Criado em 1989, o fórum da Apec defende o comércio sem barreiras, uma agenda que vai contra a promessa de campanha de Trump de impor tarifas de até 60% sobre as exportações da China.

Sua retórica aumenta os temores de tensões crescentes entre Washington e Pequim, assim como o PIB da aliança Ásia-Pacífico está previsto para diminuir de 3,5% em 2024 para 3,1% em 2025.

Também membro da Apec, o México ultrapassou o gigante asiático como o principal parceiro comercial dos Estados Unidos no ano passado.

No entanto, Trump também ameaçou seu vizinho do sul com tarifas de 25% se ele não reduzir a migração ilegal e o tráfico de drogas através da vasta fronteira.

O republicano também alertou que poderia impor "uma tarifa geral de 10% a 20% sobre produtos estrangeiros", observou a pesquisadora do CSIS, Erin Murphy.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, foi excluída da reunião em Lima devido à crise diplomática desencadeada pela destituição, em 2022, do presidente peruano, Pedro Castillo, que está atualmente na prisão.

O México não reconheceu o governo de Boluarte.
Protestos
Lima foi blindada com cerca de 13 mil soldados da polícia para proteger a terceira cúpula da Apec que sediou desde 2008.

Além disso, o Congresso autorizou a entrada temporária de até 600 militares americanos para apoiar a vigilância.

Sob o slogan "Empower, Include, Grow" (Empoderar, Incluir, Crescer), a cúpula será realizada em meio a uma greve e marchas convocadas por trabalhadores do setor de transportes e comerciantes contra o crime.

Os organizadores querem usar a reunião para dar visibilidade à sua reclamação persistente sobre a falta de ação do governo diante do aumento explosivo da extorsão.

As manifestações se estenderão até a próxima sexta-feira.
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