Publicado 21/11/2024 21:26
O Ministério das Relações Exteriores do Haiti anunciou, nesta quinta-feira (21), que convocou o embaixador francês no país caribenho após as declarações "inaceitáveis" do presidente Emmanuel Macron, que acusou os líderes haitianos de serem "completamente idiotas" por destituírem o primeiro-ministro anterior.
PublicidadeO responsável pela diplomacia haitiana, Jean-Victor Harvel Jean-Baptiste, transmitiu ao embaixador francês, Antoine Michon, "a indignação" do governo de transição do Haiti diante do que considera "um gesto hostil e inadequado que deve ser corrigido", segundo o comunicado do ministério obtido por um correspondente da AFP.
O representante diplomático francês "reconheceu que se tratava de comentários infelizes" realizados por Macron à margem da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, indicou a chancelaria haitiana.
"Foi entregue ao embaixador Michon uma carta de protesto dirigida ao ministro de Europa e Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot", diz a nota.
O desentendimento entre os dois países acontece após a divulgação de um vídeo gravado nesta quinta-feira no qual Macron aparece dizendo essas palavras e que se tornou viral nas redes sociais.
Segundo o entorno do presidente francês, o que aparece no vídeo é sua resposta a um haitiano que o repreendeu "com insistência" e o acusou, assim como à França, de "serem responsáveis pela situação no Haiti".
"Francamente, foram os haitianos que mataram o Haiti, ao permitirem o narcotráfico", diz Macron na gravação.
"O primeiro-ministro era estupendo, eu o defendi, mas o destituíram", acrescentou, em referência à destituição de Garry Conille pelo conselho presidencial de transição do Haiti há poucos dias.
Desde a renúncia em abril do controvertido primeiro-ministro Ariel Henry, em plena onda de violência das gangues, o conselho de transição preside o país caribenho.
"É terrível. É terrível. E não posso substitui-lo. São completamente idiotas, nunca deveriam tê-lo tirado, o primeiro-ministro era maravilhoso", acrescenta Macron no vídeo.
Conille tentou evitar sua destituição alegando que o conselho presidencial não tinha competência para isso, algo que só caberia ao parlamento, um órgão legislativo que está ausente no país. Foi substituído em 11 de novembro pelo empresário Alix Didier Fils Aimé, de 52 anos.
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