Trump assinou uma série de decretos executivos para redefinir o conceito de cidadaniaAFP
Publicado 06/02/2025 18:46
O governo do republicano Donald Trump entrou com uma ação judicial contra o estado de Illinois e a cidade de Chicago nesta quinta-feira, 6, acusando as proteções regionais e municipais de interferirem em suas operações anti-imigração. O processo, movido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, argumenta que as leis locais, consideradas "santuários" para imigrantes, impedem a aplicação das normas federais de imigração.

A ação se concentra em duas medidas específicas: uma regulamentação do condado de Cook (que inclui Chicago) que proíbe oficiais locais de participar de operações de imigração, e uma lei de Chicago que impede a polícia de prender pessoas com base em seu status migratório e restringe o compartilhamento de informações sobre imigrantes com autoridades federais. O governo Trump alega que essas leis contradizem o interesse comum de remover criminosos do país.

Entre 2022 e 2024, Chicago recebeu dezenas de milhares de imigrantes que chegaram à fronteira sul dos EUA em busca de asilo. Muitos foram transportados para a cidade pelo governo republicano do Texas, em uma manobra política para pressionar governos democratas a lidar com o crescente fluxo migratório. Chicago, considerada uma cidade-santuário, tornou-se alvo frequente da administração Trump, que promete deportar milhões de imigrantes, muitos dos quais são rotulados como criminosos.

Medidas controversas de Trump
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No primeiro dia de seu governo, Trump assinou uma série de decretos executivos para redefinir o conceito de cidadania e reformular o sistema migratório dos EUA. Entre as medidas, destacam-se o aumento do contingente militar na fronteira, a limitação severa do sistema de asilo e a eliminação do direito à cidadania por nascimento para filhos de mães em situação irregular ou temporária no país.

No entanto, essas ações enfrentam resistência judicial. Nesta quinta-feira, um juiz federal em Seattle emitiu uma liminar que bloqueia o decreto que restringe a cidadania por nascimento. O juiz John Coughenour afirmou que a Constituição não pode ser usada para "jogos políticos" e que qualquer mudança no direito à cidadania exigiria uma alteração na própria Constituição.

Reações e implicações
A decisão do juiz Coughenour reforça uma liminar temporária emitida duas semanas antes e ecoa uma decisão semelhante de outra juíza federal em Maryland na quarta-feira (5). Essas decisões destacam a divisão entre o governo federal e governos estaduais e municipais controlados por democratas, que defendem políticas mais acolhedoras para imigrantes.

Enquanto o governo Trump insiste em sua agenda anti-imigração, as cidades-santuário e seus defensores argumentam que as leis locais são necessárias para proteger comunidades imigrantes e manter a confiança entre a população e as autoridades. O embate judicial promete prolongar-se, refletindo as profundas divisões políticas e ideológicas sobre a imigração nos Estados Unidos.
 
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