'Os dois lados precisam chegar a um entendimento de que não há solução militar para essa situação', disse Rubio - AFP
'Os dois lados precisam chegar a um entendimento de que não há solução militar para essa situação', disse RubioAFP
Publicado 11/03/2025 07:51
Um dia antes do início das negociações entre EUA e Ucrânia, na Arábia Saudita, para pôr fim à guerra com a Rússia, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, disse na segunda-feira (10) que os ucranianos terão de ceder parte de seu território a Moscou em qualquer acordo de paz. Ele também afirmou que o Kremlin terá de fazer concessões, sem especificar quais.
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O futuro dos territórios ucranianos ocupados pela Rússia, que incluem as províncias de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzia, além da Crimeia, anexada em 2014, são um dos principais impasses.
"Os dois lados precisam chegar a um entendimento de que não há solução militar para essa situação", disse Rubio. "Os russos não podem conquistar toda a Ucrânia e, obviamente, será muito difícil para a Ucrânia, em qualquer período de tempo razoável, forçar os russos a voltarem para onde estavam em 2014."
O corte temporal usado por Rubio, com referência indireta à anexação da Crimeia, pode sinalizar uma perda menor de território para a Ucrânia que as quatro províncias ocupadas atualmente, mas ele se recusou a dar detalhes das possíveis concessões.
O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, chegou no domingo a Riad para discutir o futuro da guerra. Ele deve propor um cessar-fogo no Mar Negro e uma trégua nos ataques de mísseis de longo alcance, bem como a libertação de prisioneiros de guerra, segundo a agência France Presse.
Os ucranianos também demonstrarão aos EUA que estão dispostos a assinar um acordo que dá acesso aos minerais de terras raras da Ucrânia para os americanos. "São opções de cessar-fogo fáceis de implementar e de monitorar", indicou um funcionário ucraniano de alto escalão.
Elogios
Rubio considerou a proposta promissora. "Não digo que seja suficiente, mas é o tipo de concessão que se necessita para pôr fim ao conflito", disse. Desde que Donald Trump retornou à Casa Branca, em janeiro, ele se aproximou da Rússia de Vladimir Putin Como parte de sua agenda para pôr fim à guerra, o republicano abriu negociações com o Kremlin sem incluir ucranianos e europeus.
Antes do carnaval, Trump e Zelenski se reuniram na Casa Branca para assinar o acordo mineral, mas os dois se desentenderam sobre o papel da Rússia no conflito e bateram boca no Salão Oval Após a reunião, ele suspendeu a ajuda militar e parou de compartilhar dados de inteligência com Kiev. Nos últimos dias, já sem essas informações, a Ucrânia sofreu pesados ataques russos dentro do país e na área que ocupa em Kursk, dentro da Rússia.
Enquanto isso, no front de batalha, forças russas estão tentando cruzar a fronteira e se firmar na província ucraniana de Sumy, à medida que avançam em uma contraofensiva com o objetivo de eliminar a última posição de Kiev na região russa de Kursk.
Andrei Demchenko, porta-voz da guarda de fronteira do Estado ucraniano, disse que as forças russas estavam tentando avançar em torno da aldeia ucraniana de Novenke e cortar as linhas de abastecimento.
Na arena diplomática, Zelenski ainda tenta reatar os laços com Trump. O líder ucraniano, que também se encontrará com o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, acrescentou que a Ucrânia busca "a paz desde o primeiro segundo da guerra".
A revista britânica The Economist ponderou, no entanto, que a Ucrânia, provavelmente, não aceitará nenhum acordo que limite sua capacidade de rearmamento, que reconheça os territórios ocupados como parte da Rússia ou que interfira na política interna ucraniana.
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