Em meio às mortes dos que perderam a batalha contra a covid-19, os relatos de quem venceu a doença trazem esperança àqueles que hoje enfrentam o coronavírus. Em Niterói, onde 388 pessoas superaram a enfermidade, segundo boletim da prefeitura, o empresário Eduardo Mendonça, de 48 anos, é um dos pacientes recuperados. Já em São Gonçalo, o operador de máquinas Fábio Bodart de Souza, de 42 anos, e o montador industrial Armando Sérgio Oliveira, de 40, são dois casos que tiveram final feliz dos mais de 500 confirmados na cidade.
Morador de Camboinhas, Eduardo Mendonça lembra dos dias de desespero pelos quais passou, até ter alta, no último dia 9, do Hospital de Icaraí, onde chegou a ficar entubado, inconsciente.
"Foram dias terríveis na minha vida. Torço para que ninguém passe por isso. É assustador", relatou.
Os dias de angústia começaram em março, quando esteve com a família em Manaus, no Norte do país. O empresário acredita que tenha contraído o coronavírus durante a viagem.
"Entre os dias 9 e 13, fizemos um cruzeiro pela Amazônia. Tivemos muito contato com estrangeiros, e acreditamos que a infecção se deu no barco. Voltamos para Niterói, no dia 15, com sintomas de gripe, meu pai e eu. Ele teve diagnóstico positivo, mas o quadro foi muito mais brando que o meu", comenta o empresário.
Com o passar dos dias, os sintomas de Eduardo foram se intensificando. E os sinais de que os dias seguintes seriam de angústia e incertezas eram cada vez mais evidentes:
"No início da semana seguinte, por volta do dia 22, vieram os outros sintomas, como tosse muito forte, febre, falta de apetite e uma fraqueza muito grande. Lá pelo dia 26, minha esposa percebeu que eu estava com a respiração curta e, no dia seguinte, dei entrada no Hospital de Icaraí com a doença já em estágio mais avançado".
Eduardo lembra dos primeiros exames que fez na unidade. Mas, logo em seguida, ficou em coma induzido. O que sabe sobre os momentos mais críticos da internação foram as informações repassadas pelos parentes:
"De imediato, solicitaram uma tomografia do tórax. Viram que os pulmões estavam comprometidos e me entubaram. Depois, entraram com medicamentos para tentar frear a doença. Minha esposa conta que fui melhorando depois do dia 29. No dia 2 de abril, a sedação foi reduzida e passei a respirar apenas com o auxílio de uma máscara de oxigênio. A alta veio sete dias depois".
Eduardo afirma que, durante os dias de internação, é inevitável pensar no pior: a morte. "Durante os dias mais difíceis, eu estava apagado. Um batalhão de gente aqui fora orava muito por mim. Quando me acordaram, a situação já estava bem mais administrável. Foi quando senti uma sensação esquisita e horrorosa de que eu poderia ter morrido sem sequer saber o que tinha acontecido, pois estava inconsciente. Chorei muito conforme fui recobrando os sentidos e entendendo a gravidade da situação. Tive muito medo de não ver mais minha família e meus amigos", relembra ele, emocionado.
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