Cem degraus conduzem o visitante a este lugar de destaque na história da cidade, que, em meio ao caos urbano, eleva-se a um patamar topográfico especialDivulgação / Leonardo Zulluh
Por Irma Lasmar
NITERÓI - Tombada pelo Departamento do Patrimônio Cultural (Depac) da Prefeitura em 1992, a esplêndida Igreja de Nossa Senhora da Conceição tem para a cidade uma importância tanto religiosa quanto política. Ela foi a matriz católica enquanto não era finalizada a Catedral de São João Batista e serviu como uma das sedes da Câmara de Vereadores no início do século XIX. Sua história começa em 1660, quando Antonio Corrêa de Pina, conhecido como Pai Corrêa, ergueu a capela em devoção à Nossa Senhora da Conceição com recursos doados por fiéis. A obra passou por melhoramentos patrocinados com a herança de José Gonçalves, falecido em 1663.
No ano de 1671, descendentes de Arariboia – Gastão, Sebastiana, Margarida e Violante Soares de Souza – doaram à capela 440 metros de terreno vizinho. Com a morte do capitão Manoel José de Bessa, também dono de terras próximas, os herdeiros ofereceram à igreja o casarão posteriormente transformado no Hospital Santa Cruz. Com a urbanização promovida em 1820 pelo juiz de fora José Clemente Pereira, presidente da Casa Legislativa, a igreja teve sua escadaria reconstruída e ganhou as grades de ferro até hoje existentes.
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O templo serviu provisoriamente de matriz em dois períodos: de 1819 a 1831 (tempo em que abrigou a imagem do padroeiro da sociedade, São João Batista, trasladada da extinta Igreja de Nossa Senhora das Necessidades em Icaraí e atualmente exposta na Catedral Metropolitana) e nos anos de 1885 e 1886, quando a catedral passou por obras. Anexo à capela, inaugurou-se, em 1830, o primeiro cemitério da Vila Real da Praia Grande. Ali, foram enterrados os restos mortais de José Bonifácio de Andrada e Silva, o patrono da Independência do Brasil. Porém, poucas décadas depois, o serviço foi transferido para o Barreto, anexo ao Maruí.
No entanto, foi em 1881 que o local passou por sua maior transformação, com projeto de João Antonio dos Santos Guaraciaba, que reconstruiu e ampliou o templo, além de trocar os sinos, introduzindo elementos neoclássicos na fachada e neorrococós no interior. Assim, a capela simples se tornou uma imponente igreja, reinaugurada em 1882, no alto da encosta da rua que ganhou o nome da santa. A construção passou ainda por restauros em 1905, 1912, 1919 e 1992. Em cima da porta principal, há um painel de azulejos com a figura de Nossa Senhora da Conceição. O altar-mor é de mármore carrara, com um vitral francês ao fundo. São diferenciais dessa igreja a imagem portuguesa barroca da santa entalhada em madeira, datada de 1672, e as raridades de seu Museu de Arte Sacra.
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Cem degraus conduzem o visitante a este lugar de destaque na história da cidade, que, em meio ao caos urbano, eleva-se a um patamar topográfico especial.