Publicado 05/10/2022 08:45
Com boas ideias na cabeça e muita determinação para tirá-las do papel, professores e educadores da rede municipal de ensino de Niterói investem em projetos diferenciados e originais para despertar o interesse dos alunos dentro e fora das salas de aula. Além de tornar o aprendizado mais lúdico, os projetos ajudam a potencializar a autoestima de meninas e meninos de várias idades.
Entre as iniciativas inovadoras estão as aulas de robótica no Colégio Municipal João Brazil, no Morro do Castro, Zona Norte da cidade. O projeto, que existe desde 2018, acumula vários prêmios, entre eles medalha de prata (estadual) no Torneio Juvenil de Robótica em 2018; medalha de ouro (estadual) no Torneio Juvenil de Robótica, nível II em 2019; medalha de ouro (estadual) na Olimpíada Brasileira de Robótica, nível II, em 2019; 2º lugar no Torneio Juvenil de Robótica, categoria “Dança Robótica” em 2021 e 1º lugar no Prêmio Inovar, para o Ensino Fundamental I com a premiação de três bolsas CNPQ na Mostra Nacional de Robótica.
Para os professores responsáveis pelo projeto, Carlos Henrique Jorge e Evelyn Crespo, os prêmios recebidos são apenas uma consequência do trabalho, já que ele vai muito além das competições. O grande objetivo é trazer a formação de valores, espírito de equipe e a possibilidade de aprendizagem na prática.
“A grande relevância do projeto é mostrar que em uma comunidade como o Morro do Castro, com vários tipos de dificuldades, existem muitos talentos e que eles estão brilhando. Com a robótica, eles também desenvolvem a autonomia e o protagonismo, através da resolução de problemas. Neste desafio já são vencedores e agora colhem os frutos de seus estudos, esforços e determinação”, diz Evelyn.
O secretário de Educação, Lincoln de Araújo, lembra que são muitas as iniciativas inovadoras que acontecem nas escolas municipais, fruto de um diálogo constante com a comunidade escolar e espaço aberto para troca de ideias.
“Nossas escolas são referência quando o tema é inovação. Parabéns a todos os educadores que se esforçam diariamente para fazer com que nossas crianças e adolescentes solidifiquem o conhecimento de forma interessante e mais leve”, afirma o secretário.
Jornal infantil
Também no colégio João Brazil, outra iniciativa que vem dando o que falar é o jornal criado pelos alunos da turma de reforço da professora Isabella Coelho. Ao perceber a dificuldade dos estudantes com o uso do fonema ch, ela levou para sala de aula o poema Enchente, de Cecília Meireles. Mas percebeu que, além do uso do fonema, a turma tinha dificuldades de entender o próprio significado da palavra.
“Eles confundiam enchente com incêndio. Foi aí que resolvi recorrer a matérias de jornal pra explicar a diferença entre os fenômenos, mostrar fotos. As reportagens ajudaram a exemplificar o que estávamos estudando em sala e aguçaram a curiosidade deles sobre esse formato de texto chamado notícias”, detalha.
O resultado da proposta surpreendeu a própria professora. Os alunos adoraram a dinâmica e começaram a pensar o que seria notícia dentro da própria escola. A partir daí foi um pulo até a ideia de fazerem seu próprio jornal. Eles foram de sala em sala, nos corredores, na diretoria, na secretaria, no refeitório, no pátio e na biblioteca e entrevistaram professores, porteiro, alunos e funcionários em busca de notícias.
“O jornal foi impresso na própria escola e virou motivo de orgulho para os alunos, que se sentiram mais autoconfiantes, capazes”, conta.
Já na Unidade Municipal de Ensino Infantil Vinícius de Moraes, no Sapê, na Região de Pendotiba, os destaques são a horta e o pomar, um dos espaços mais disputados pelos pequenos alunos, que adoram mexer na terra e brincar debaixo das árvores.
A criação da horta começou de forma tímida, em um cantinho perto do muro da escola, e foi crescendo até ganhar atenção da Universidade Federal Fluminense (UFF). Através de uma parceria, mestrandos e especialistas da universidade ajudam a direção do colégio a garantir resultados mais eficientes, tanto no cultivo das mudas quanto no manejo.
Alface, brócolis, couve, chicória, manjericão, limão, mamão e caju são alguns dos alimentos que saem direto da horta e do pomar para o almoço e lanche das crianças, preparados na cozinha da própria escola. A diretora do colégio, Fabiane Florido, diz que a horta e o pomar mudaram a relação das crianças com a comida.
“Eles colocam a mão na terra, plantam as mudas, regam e acompanham o crescimento delas até a colheita. Então eles participam de todo o processo. Quando eles vão experimentar as verduras já têm uma outra ligação com elas porque sabem que vêm daquela horta e daquele pomar que eles ajudaram a fazer. É lindo ver crianças de dois anos comendo alface”, diz a diretora.
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