Publicado 11/11/2022 09:24
O Museu Janete Costa de Arte Popular, do Ingá, Zona Sul de Niterói, segue com a exposição “Transvendo o Mundo”, em cartaz. O evento é uma realização da prefeitura de Niterói e da Fundação de Arte de Niterói (FAN) e conta com obras de três artistas, que trazem a acessibilidade de forma visceral.
Com curadoria de Jorge Mendes, a exposição cujo título foi inspirado na poesia de Manoel de Barros “O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo” apresenta três artistas que utilizaram muita imaginação para vencer barreiras e preconceitos. Utilizando técnicas e materiais diferentes, esses artistas caminham paralelamente e estão interligados pelos olhares e histórias de vidas que se unem na luta contra a exclusão social e pelo reconhecimento artístico.
Nos salões do museu, é possível contemplar uma combinação de esculturas, fotografias e pinturas nascidas das mãos e pelo olhar de três artistas que apresentam a cultura popular como forma de resistência e de inúmeras possibilidades.
Marcelo da Conceição, que trabalhou como carregador em feiras, como pedreiro, como vendedor ambulante e é "garimpeiro urbano", como ele mesmo se define, expõe suas esculturas e objetos confeccionados com materiais descartados.
Josemias Moreira, niteroiense nascido e criado no Morro do Palácio, com visão monocular (apenas do olho direito) driblou dificuldades e preconceitos tornando-se artista visual com uma sensibilidade ímpar e contundente em suas fotografias.
Rafael Matos tem seu atelier localizado no Hospital Psiquiátrico de Jurujuba. O artista plástico já teve exposições individuais de suas obras em diversos museus no Brasil e em outros países, além de ser capa de importantes publicações especializadas.
Para Fernando Brandão, presidente da Fundação de Arte de Niterói (FAN), inclusão não é somente adicionar coisas e pessoas a grupos. Segundo ele, acessibilidade é muito mais do que facilitar o acesso, é a quebra de qualquer tipo de obstáculo que cause a separação.
“Como músico, não tenho a menor dúvida de que a arte é um instrumento poderoso de união, de igualdade e de criação de pares iguais. ‘Transvendo o Mundo’ está aqui ao alcance de todos, nascida das mãos determinadas, sensíveis e inspiradas de quem sabe o que é essencial de verdade. Porque transver é ver além, é enxergar além dos olhos. É olhar com a alma e com o coração”, afirma Brandão.
A exposição, que eleva o protagonismo dos três artistas pretos, é lançada no mesmo mês em que é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11) — que recebe o olhar atento da diretoria de Acessibilidade Cultural da FAN, braço da Superintendência Cultural, gerida por Joel Vieira. Novembro também é o mês no qual o Museu Janete Costa de Arte Popular completa 10 anos.
Segundo Brandão, “Transvendo o Mundo” é um convite à renovação, a certeza de que a arte é para todos, sem nenhuma exceção, tanto para quem cria quanto para quem a contempla.
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