Julieta Hernández: tinha 38 anos, era venezuelana, palhaça, cicloviajante e bonequeiraDivulgação/Ascom
Publicado 12/01/2024 19:08
Niterói - Nesta sexta-feira (12), ciclistas e artistas de todo Brasil ocuparam as ruas em solidariedade à Julieta Hernández, palhaça, migrante e cicloviajante, vítima de feminicídio no Amazonas. Em Niterói, eles se concentraram às 17h30 na Praça Araribóia e fizeram uma pedalada coletiva.

Para o coordenador do Programa Niterói de Bicicleta, Filipe Simões, para a cidade que está na vanguarda regional em relação a mobilidade ciclo ativa, é fundamental fazer parte desta mobilização nacional. “O assassinato de mais uma mulher ciclista que viajava pelo Brasil choca e revolta. Julieta Hernández era artista e levava na bagagem o sonho de liberdade que compartilhamos ao andar de bicicleta. Niterói vai se somar à mobilização nacional para recordar de sua vida e transformar sua partida em um basta para a violência”, argumenta Filipe Simões.

Julieta pedalava pelo Brasil há oito anos e fazia parte do grupo Pé Vermei, formado por artistas e cicloviajantes. O último trajeto partiu do Rio de Janeiro e seguia para a Venezuela, onde pretendia reencontrar a família para passar o fim de ano. Depois dela chegar em Presidente Figueiredo (AM), em 23 de dezembro, deixou de se comunicar com os colegas. No local, ela foi roubada por um casal, que a estuprou, matou e a enterrou. Julieta estava na pousada que o casal era proprietário, sendo enterrada em uma cova rasa no terreno. Os autores confessaram o crime para a polícia e foram presos em flagrante.

Sobre Julieta Hernández
Tinha 38 anos, era venezuelana, palhaça, cicloviajante e bonequeira. Em sua terra natal, formou-se em veterinária, fez estudos na área do teatro e veio ao Brasil para estudar Teatro do Oprimido. Aqui, seguiu firme em suas pesquisas e experimentações artísticas, vivenciando cada vez mais a palhaçaria. Vivia no Brasil desde 2015 e em 2019 começou a viajar de bicicleta, se apresentando como palhaça ‘Miss Jujuba’ por cidades de mais de 9 estados brasileiros, do norte e nordeste. Nestas andanças, com seu Cuatro Venezuelano e muitos sonhos na bagagem, esteve em diversas pequenas comunidades pelos interiores do Brasil, participou de encontros e festivais autogestionados e compartilhava seus saberes de maneira voluntária por onde passava. Mesmo em projeto solo, participou de iniciativas coletivas como a Red de Payasas Venezolanas e os Palhaços Sem Fronteiras, no Brasil. Foi, e sempre será, considerada uma das maiores referências de artista nômade e migrante da América Latina.
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