Publicado 25/06/2024 16:02
Niterói - O Campo de São Bento, principal parque da Zona Sul da cidade e que mora na memória afetiva de muitos niteroienses, possui um cantinho ainda pouco conhecido por muitos moradores e visitantes: a Sala de Sementes. Localizada próxima à sala administrativa do espaço (com entrada pela Rua Lopes Trovão), o local é uma espécie de museu vivo que possui um acervo de sementes já catalogadas por uma equipe que trabalha na pesquisa e coleta dos tipos de plantas existentes no parque. As visitas podem ser agendadas pela rede social oficial do parque (@campodesaobentooficial). Durante o passeio, os visitantes poderão fazer plantios das sementes dentro do parque. A Sala de Sementes funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h.
O Campo de São Bento possui uma área de 68.669,84 m2 e é administrado pela Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconser). O parque recebeu um censo florístico onde foram identificadas 1100 árvores espalhadas em seus canteiros e aleias. Além dessas, foram plantadas mais 142 novas mudas no espaço do Campo. O secretário de Conservação e Serviços Públicos, Ricardo Lanzellotti, explica sobre o objetivo de ter um espaço voltado para armazenar as sementes.
“A sala de semente foi criada com o objetivo de se fazer uma coleta de sementes de dentro do Campo de São Bento, das árvores que temos aqui. Elas ficam em exposição dentro desse espaço que é aberto ao público e à visitação. As pessoas podem vir conhecer, entender um pouco do trabalho que é feito aqui, podem ver de onde saem essas sementes porque nós temos placas indicativas, então cria-se uma interação que conta a história do parque”, afirma.
De acordo com Alexandre Moraes, biólogo e subsecretário de Arborização Urbana, é possível ter contato direto com espécies históricas da flora brasileira. “Esse espaço é importante porque muita gente desconhece algumas árvores que fazem parte da nossa história. Tem quem nunca tenha visto um pau-brasil, que deu origem ao nome do país. Dá para ver em um livro, mas geralmente são figuras pequenas. Então aqui eles vivenciam isso de forma lúdica e direta. Podem chegar perto e tocar”, conta.
O trabalho de catalogação das sementes é realizado por uma bióloga e uma nutricionista que se juntaram para contar a história das espécies que habitam o Campo de São Bento. Eliane Amaral é bióloga e responsável pelo projeto. “Estou aqui há quase dois anos. Eu fui convidada para vir organizar, separar e catalogar as sementes. Começamos a fazer os rótulos para que ficasse de fácil acesso para quem viesse visitar saber identificar. Estamos garimpando, pegando as sementes das árvores nativas daqui de dentro, separando, fazendo uma secagem em um processo natural e depois armazenamos”, conta a bióloga.
Dentre as espécies catalogadas, Eliane destaca o Jatobá, que é uma árvore que causa muita curiosidade por ter estado em evidência em uma novela. A bióloga também cita a chincha fedorenta, que tem uma espécie de caixinha protetora de sementes em formato de coração, e a casuarina, que é conhecida por ser utilizada nas decorações de natal.
Há ainda outros tipos de plantas e sementes que são muito utilizados em artesanato e também as que têm seu valor medicinal. A nutricionista Karla Lobach faz um trabalho de avaliação das espécies coletadas.
“Eu tenho uma experiência de mais de 20 anos na nutrição. Aqui eu vejo toda a questão medicinal e frutífera, examinando acerca do tipo de vitamina e sais minerais. Eu avalio sementes, frutos e as cascas de várias árvores. Isso enriquece o trabalho de pesquisa que estamos desenvolvendo. É um outro leque na área da nutrição. Esse trabalho é muito enriquecedor”, detalha Karla.
PublicidadeO Campo de São Bento possui uma área de 68.669,84 m2 e é administrado pela Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (Seconser). O parque recebeu um censo florístico onde foram identificadas 1100 árvores espalhadas em seus canteiros e aleias. Além dessas, foram plantadas mais 142 novas mudas no espaço do Campo. O secretário de Conservação e Serviços Públicos, Ricardo Lanzellotti, explica sobre o objetivo de ter um espaço voltado para armazenar as sementes.
“A sala de semente foi criada com o objetivo de se fazer uma coleta de sementes de dentro do Campo de São Bento, das árvores que temos aqui. Elas ficam em exposição dentro desse espaço que é aberto ao público e à visitação. As pessoas podem vir conhecer, entender um pouco do trabalho que é feito aqui, podem ver de onde saem essas sementes porque nós temos placas indicativas, então cria-se uma interação que conta a história do parque”, afirma.
De acordo com Alexandre Moraes, biólogo e subsecretário de Arborização Urbana, é possível ter contato direto com espécies históricas da flora brasileira. “Esse espaço é importante porque muita gente desconhece algumas árvores que fazem parte da nossa história. Tem quem nunca tenha visto um pau-brasil, que deu origem ao nome do país. Dá para ver em um livro, mas geralmente são figuras pequenas. Então aqui eles vivenciam isso de forma lúdica e direta. Podem chegar perto e tocar”, conta.
O trabalho de catalogação das sementes é realizado por uma bióloga e uma nutricionista que se juntaram para contar a história das espécies que habitam o Campo de São Bento. Eliane Amaral é bióloga e responsável pelo projeto. “Estou aqui há quase dois anos. Eu fui convidada para vir organizar, separar e catalogar as sementes. Começamos a fazer os rótulos para que ficasse de fácil acesso para quem viesse visitar saber identificar. Estamos garimpando, pegando as sementes das árvores nativas daqui de dentro, separando, fazendo uma secagem em um processo natural e depois armazenamos”, conta a bióloga.
Dentre as espécies catalogadas, Eliane destaca o Jatobá, que é uma árvore que causa muita curiosidade por ter estado em evidência em uma novela. A bióloga também cita a chincha fedorenta, que tem uma espécie de caixinha protetora de sementes em formato de coração, e a casuarina, que é conhecida por ser utilizada nas decorações de natal.
Há ainda outros tipos de plantas e sementes que são muito utilizados em artesanato e também as que têm seu valor medicinal. A nutricionista Karla Lobach faz um trabalho de avaliação das espécies coletadas.
“Eu tenho uma experiência de mais de 20 anos na nutrição. Aqui eu vejo toda a questão medicinal e frutífera, examinando acerca do tipo de vitamina e sais minerais. Eu avalio sementes, frutos e as cascas de várias árvores. Isso enriquece o trabalho de pesquisa que estamos desenvolvendo. É um outro leque na área da nutrição. Esse trabalho é muito enriquecedor”, detalha Karla.
A equipe de trabalho vem organizando todas as espécies encontradas em um catálogo onde fica registrado a identificação de cada espécie com o nome científico e o popular (vulgar), para que serve aquela semente, em que época do ano floresce e frutifica. Eliane e Karla explicam que é tipo um histórico, o DNA, de cada semente que pode servir de consulta para trabalhos de faculdade ou escola e mesmo para quem tem a curiosidade de saber um pouco mais sobre a botânica do Campo de São Bento.
O trio de trabalho da Sala de Sementes é completo com Cláudio Mendonça, jardineiro, que há dois anos trabalha no Campo de São Bento, mas já está há mais de seis anos na Seconser. Ele conta sobre o legado que vai deixar para as futuras gerações.
“Eu gosto muito de plantar e aqui eu também aprendo um pouco mais sobre as sementes que eu sempre plantei, mas não sabia muito. Eu adoro colocar a mão e sentir a terra. Já plantei mais de 2 mil sementes só aqui no Campo de São Bento, algumas em mudas que distribuímos para outros locais, fora tantas outras que eu nem sei dizer quantas foram ao longo dos anos. Isso vai ficar para o futuro, vai crescer e dar flores e frutos. É como um filho! Eu vejo as crianças vindo aqui e é muito bom ver que elas aprendem também. Eu pego a terra, faço um furinho e dou uma semente na mão delas e elas plantam comigo. Eu me sinto orgulhoso”, define Cláudio.
As sementes são germinadas em uma espécie de viveiro criado no Campo de São Bento. Algumas também vêm do Horto Botânico, localizado no Fonseca. Algumas espécies plantadas são apreciadas apenas por uma ou duas gerações posteriores ao seu plantio já que podem demorar mais de 100 anos para dar resultados.
Censo florístico – O Campo de São Bento e os Hortos do Barreto e do Fonseca tiveram todas as espécies arbóreas mapeadas em inventário realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS). O primeiro censo florístico da cidade de Niterói teve por finalidade identificar, quantificar e dar suporte à Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Seconser), responsável pela manutenção dos parques, para realizar o manejo adequado das árvores existentes, bem como propiciar informações técnicas para projetos de Educação Ambiental.
Todas as árvores receberam lacres numerados tipo “espinha de peixe” e passaram por um registro fotográfico. O relatório leva em conta os principais parâmetros estatísticos para a população analisada: média, variância, desvio padrão e os totais da população.
No Campo de São Bento, o levantamento arbóreo foi realizado em área de 36 mil metros quadrados. Foram inventariados 1100 elementos arbóreos de espécies nobres da mata atlântica e espécies exóticas de relevância, além de 142 novas mudas florestais.
O trio de trabalho da Sala de Sementes é completo com Cláudio Mendonça, jardineiro, que há dois anos trabalha no Campo de São Bento, mas já está há mais de seis anos na Seconser. Ele conta sobre o legado que vai deixar para as futuras gerações.
“Eu gosto muito de plantar e aqui eu também aprendo um pouco mais sobre as sementes que eu sempre plantei, mas não sabia muito. Eu adoro colocar a mão e sentir a terra. Já plantei mais de 2 mil sementes só aqui no Campo de São Bento, algumas em mudas que distribuímos para outros locais, fora tantas outras que eu nem sei dizer quantas foram ao longo dos anos. Isso vai ficar para o futuro, vai crescer e dar flores e frutos. É como um filho! Eu vejo as crianças vindo aqui e é muito bom ver que elas aprendem também. Eu pego a terra, faço um furinho e dou uma semente na mão delas e elas plantam comigo. Eu me sinto orgulhoso”, define Cláudio.
As sementes são germinadas em uma espécie de viveiro criado no Campo de São Bento. Algumas também vêm do Horto Botânico, localizado no Fonseca. Algumas espécies plantadas são apreciadas apenas por uma ou duas gerações posteriores ao seu plantio já que podem demorar mais de 100 anos para dar resultados.
Censo florístico – O Campo de São Bento e os Hortos do Barreto e do Fonseca tiveram todas as espécies arbóreas mapeadas em inventário realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade (SMARHS). O primeiro censo florístico da cidade de Niterói teve por finalidade identificar, quantificar e dar suporte à Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Seconser), responsável pela manutenção dos parques, para realizar o manejo adequado das árvores existentes, bem como propiciar informações técnicas para projetos de Educação Ambiental.
Todas as árvores receberam lacres numerados tipo “espinha de peixe” e passaram por um registro fotográfico. O relatório leva em conta os principais parâmetros estatísticos para a população analisada: média, variância, desvio padrão e os totais da população.
No Campo de São Bento, o levantamento arbóreo foi realizado em área de 36 mil metros quadrados. Foram inventariados 1100 elementos arbóreos de espécies nobres da mata atlântica e espécies exóticas de relevância, além de 142 novas mudas florestais.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.