Publicado 27/08/2024 17:02
Niterói - O Grupo Teatro Meteco conta a história do mítico indígena, sob a perspectiva dos habitantes originários da Baia de Guanabara utilizando recursos do Teatro de Animação - meias-máscaras caracterizam mais de dez personagens arquétipos da sociedade.
PublicidadeFigura essencial para a fundação das cidades do Rio de Janeiro e Niterói, o mítico indígena Araribóia é tema do espetáculo que o grupo Teatro Meteco apresenta em 30 de agosto (sexta, às 20h), no Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói, em pré-estreia.
Em Procurando Araribóia, os atores Gabriel Vaz, Gabriela Dyminski, Isadora Britto, Maíra e Nelson Gaia, sob a direção de Matías Palma, resgatam a memória histórica e cultural do Brasil pré-colonial e a contam pela perspectiva dos habitantes originários da Guanabara, desmistificando a narrativa oficial dos conquistadores. A partir de 6 de setembro, a montagem cumpre temporada no Teatro Glauce Rocha, no Centro do Rio de Janeiro, até o dia 22 do mesmo mês.
Com uma linguagem satírica e utilizando-se de recursos do Teatro de Animação, a trama se passa no Brasil do século XVI e narra a jornada de vida de Araribóia, desde sua condição como um indivíduo comum até se tornar líder de seu povo, enfrentando decisões difíceis em prol de sua sobrevivência e, também, de suas próprias ambições.
Chileno radicado em Niterói desde 2006, o diretor Matías Palma conta que a escolha do personagem não foi acidental. Grande estrategista e guerreiro implacável, ele é o indígena mais importante na fundação do Rio de Janeiro e considerado o "pai fundador" de Niterói, onde quase toda a equipe do espetáculo reside. Porém, esse mito esconde o fato de que Araribóia se tornou um aliado dos invasores, transformando-se também no primeiro anti-herói do Brasil. “Araribóia é uma figura controversa e que chama atenção por misturar dois mundos. Ele abraça os portugueses por motivações políticas. Araribóia é expulso de sua terra pelos Tamoios e, em sua diáspora, acaba adotando o cristianismo através do convívio com os jesuítas. No entanto, ao final de sua vida, ele confronta a realidade de nunca ter sido verdadeiramente aceito pelos europeus, apesar de ter se distanciado de sua cultura original”, conta.
A dramaturgia, escrita a seis mãos por Matías e pelos atores Gabriel e Isadora, que também são roteiristas de teatro e do audiovisual, se baseou em uma minuciosa pesquisa histórica, construída também na sala de ensaio, em um laboratório que teve início em 2021.
Procurando Araribóia traz uma proposta de montagem cênica de Teatro de Animação, moldada pelo teatro gestual desenvolvido por Jacques Lecoq, originado a partir da pantomima clássica na França e sua fusão com o teatro popular italiano. Confeccionadas pelo próprio diretor, 26 meias-máscaras são usadas para caracterizar os mais de dez personagens do espetáculo, seguindo a tradição da Commedia dell'arte italiana e aproveitando os arquétipos da própria sociedade para criar personagens reconhecíveis por todo o público. A cenografia traz uma grande estrutura móvel de madeira, inspirada nas caravelas, que permite a interação com o movimento dos cinco atores. Projeções inspiradas nas sombras chinesas completam a narrativa visual da peça.
Sobre Matías Palma
Ator, cineasta e gestor cultural. Nascido no Chile em 1981 e radicado em Niterói, Rio de Janeiro, desde 2006. Em 2001, obteve o diploma Mime-Theater-Movement na Escola Internacional del Gesto y La Imagen - La Mancha, no Chile e, em 2009, se forma em Cinema na UNESA - RJ. Em 2002, fundou o Colectivo Teatral Plancton onde dirigiu e escreveu as peças “El crimen del cura Tato” e “Santo Progreso” com apresentações e turnês no Chile, Perú, Cuba, Espanha Itália e Turquia.
Sobre Matías Palma
Ator, cineasta e gestor cultural. Nascido no Chile em 1981 e radicado em Niterói, Rio de Janeiro, desde 2006. Em 2001, obteve o diploma Mime-Theater-Movement na Escola Internacional del Gesto y La Imagen - La Mancha, no Chile e, em 2009, se forma em Cinema na UNESA - RJ. Em 2002, fundou o Colectivo Teatral Plancton onde dirigiu e escreveu as peças “El crimen del cura Tato” e “Santo Progreso” com apresentações e turnês no Chile, Perú, Cuba, Espanha Itália e Turquia.
Como ator, participou nas peças “Animales”, “Malaclase”, “Al Principio”, “Hijos De La Noche”, “Fin De Mundo” e “Ópera Pânica”. No campo audiovisual, dirigiu o longa-metragem “Novembro” (Mirenax 2021) e os documentários “Era uma vez um povoado” (Sagui 2021), “Amazônia INC.” (Levante – Sagui 2017), “Chile Intercultural” (Sagui 2015) e o curta-metragem ficcional “Freio de Emergência” (SAGUI 2017). Também produziu e dirigiu vídeos institucionais, clipes musicais e campanhas de comunicação. Como gestor, tem produzido eventos de pequeno e grande porte, destacando a direção de produção do Festival de Teatro de Providencia (Chile) e a Gestão do Ponto de Cultura "Seiva" (Brasil).
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