Marcos Jorge Nasser: homenagem à Niterói através da literatura poéticaDivulgação
Publicado 11/09/2024 12:07
Niterói - O segundo volume de Poemas de Niterói é uma coletânea de textos criados pelo autor capixaba, na cidade que abriga o MAC. Nasser escolheu Niterói para viver e, agora, homenagear com seus escritos. Veio viver aqui ainda na década de 1950, reunindo varias atuações no município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro - como poeta, engenheiro e empresário, à frente da tradicional loja de tecidos A Vencedora.

O livro está à venda na Livraria Travessa e Schofer, ambas em Icaraí. Além no link https://www.americanas.com.br/produto/3075407471/poemas-de-niteroi
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É um exercício do autor encarar os percalços dessa cidade – que poderia ainda ser tantas outras – sem usar atenuadores.

Apaixonado por seres e lugares, Marcos Nasser faz uso da estética decadencista para falar de si e do mundo dentro da cidade, ao decifrar sinais e buscar enseadas. O poder de observação é outra característica de Nasser. A orelha e contracapa de Poemas de Niterói – 2º volume é do professor e pesquisador Erick Bernardes, para quem a marca psicológica existente na literatura do Nasser compara-se a Baudelaire. “Talvez seja preciso ser poeta em uma cidade como Niterói, de beleza impetuosa e atmosfera sedutora, para saber sintonizar as delícias da metrópole e as mazelas urbanas consideradas pós-modernas”, define.
Nasser é um engenheiro de formação e coloca a serviço do verso as exatidões das matemáticas. Ele fala sobre o cansaço da vida, traz à tona a questão existencial sobre porque existimos e a finitude da vida, também trabalhadas por Shakespeare em sua dúvida “ser ou não ser”. E aponta saídas para reinvenção, mesmo nos momentos que só há a vida para tirar vida, já num poema que escreveu em 1989, então com 46 anos. “(...) Múltiplo existir, são tantas as águas, / O coração sem âncoras se agita, / E circula seu espanto sem mágoas, / Sugando da vida sua própria vida”.
O autor gosta de repetir palavras, com o objetivo de conduzir o leitor ao transe, ao mesmo tempo em que vai abrindo outros significados do sentir "O tempo naquele tempo / Era a espera de outro tempo, / Mas era o tempo presente / Que ansiava pelo tempo", escreve ele.
O ponto principal é a tentativa de identificar uma saída diante desse beco em que, vez por outra, nos encontramos. Esta segunda coletânea tem mais fôlego que a primeira obra, com cerca de 300 poemas, escritos desde a década de 1960. Há de questões sociais que mostram o quanto vários de nossos problemas existem há muito tempo, como a das favelas, passando por homenagens a outros artistas inspiradores, como Carlos Drummond de Andrade e observações leves e líricas sobre "Tanta ventura, / E o sol nascer na clara tarde, / Ressurgir no existir, / E flores, e pássaros, e alegrias, / E cirandas incessantes".
Para Jorge Ventura, artista multimidia, a poesia de Marcos Jorge Nasser é visceral e carga dramática – com versos densos – é ideal para ser lida por atores. Ventura emprestou sua sensibilidade à leitura de alguns poemas, disponíveis no Canal Marcos Jorge Nasser no YouTube (https://youtu.be/KnxAqus5_00 e https://youtu.be/8Gvdns4IIOg).

Ao longo das décadas, a obra de Nasser fica mais sombria, menos otimista. Ele acredita que pela finitude que se aproxima de todos, pelos tempos históricos, pela ausência de utopias fortes o suficiente para convencer a continuar adiante. Mas, apesar do tom mais cético e até mais ríspidos, os poemas jamais esmorecem, já que não há muita escapatória. Se “Somos sem destino”, como escreve em 2010, também lembra que há uma flor a brotar nesses momentos menos prováveis, uma flor parente daquela que brota no asfalto: uma “flor do caos”.

SOBRE O AUTOR:

Marcos Jorge Nasser nasceu em Vitória, no Espírito Santo, em 1943. Em 1952, mudou-se para Niterói, local de sua inspiração. Escreve poesia desde muito cedo, chega ao mercado, no final de um ano enigmático, com o segundo volume do seu Poemas de Niterói. O primeiro, que marcou também sua estreia, foi Poemas de Niterói – O Inominado, publicado em 2019.
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