Por Wagner Victer Sec. Educação do Estado do Rio de Janeiro
Publicado 26/08/2018 03:00

A oferta do Ensino Médio Integral para os adolescentes e jovens deste século é, mais do que um desejo, uma necessidade, e certamente povoará as campanhas eleitorais por todo o país. Uma Educação integral, em horário integral, que venha a considerar o jovem na sua totalidade, com seus conflitos e a vontade de ganhar o mundo, será uma Educação para além da estrutura dos prédios escolares. Portanto, é uma ação de política pública que devemos o quanto antes tirar do campo teórico e levar para a prática. Reconheço tal importância por experiência própria, pois tive a oportunidade de cursar o ensino médio integral em uma escola pública.

Desde de 2016, o Estado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Educação, mesmo inserido em grande crise financeira, tem avançado fortemente em direção ao Ensino Integral em Tempo Integral. Além das 117 escolas de Ensino Médio em Tempo Integral que já possuíamos, com propostas variadas (interculturais, técnicas integradas e formação de professores), implementamos nos últimos dois anos o Ensino Médio em Tempo Integral em mais 73 escolas da nossa rede. No próximo período de matrículas, que se inicia em outubro, serão mais 50 escolas.

Com isso, teremos 240 Escolas em Tempo Integral, em 88 dos 92 municípios do estado, o que é equivalente a 25,42% das escolas do ensino médio diurno da nossa rede. Ou seja, em quatro anos teremos implantado mais Escolas em Tempo Integral Profissionalizantes (105%) do que o acumulado em toda história dos estados que, por fusão, formaram o atual Estado do Rio. Se considerarmos ainda as escolas de ensino médio inovador, que também são em tempo integral, porém não são profissionalizantes, chegaríamos a 267 unidades, 28,3% de nossas escolas de ensino médio regular diurno.

Estamos considerando os princípios da educação integral chegando ao Ensino Médio, através de dezenas de escolas com formação em Empreendedorismo. Desta forma inovadora, estamos preparando nossos alunos para o mundo do trabalho, em especial para o setor terciário, voltado ao serviço e comércio, onde temos grande potencial econômico.

A carga horária que adotamos no Ensino Profissionalizante em Tempo Integral é de 1,8 mil horas anuais. Portanto, muito acima das 1,4 mil horas anuais preconizadas como "meta" para cinco anos, estabelecida pela LDB.

Nessas escolas, os alunos entram, normalmente, às 7h e têm nove tempos de aulas diárias. Durante a jornada de ensino fornecemos quatro refeições distintas: café da manhã, lanche, almoço e o lanche da tarde. Os gestores são escolhidos por consulta pública à comunidade escolar e posteriormente capacitados e avaliados pela Fundação Getúlio Vargas, como já fizemos em mais de 1,1 mil escolas da rede, que aliás não adotavam tal procedimento desde 2005.

A proposta vem oferecendo iniciação à formação técnica e profissional por meio de projetos de intervenção e pesquisa, além de Estudos Orientados. Com isso, os alunos aprendem sobre gestão e qualidade do tempo, através da projeção de metas de vida e do conhecimento das suas possibilidades, por meio de matérias como 'Projeto de Vida e Mundo do Trabalho', que integra o conjunto de quatro disciplinas extras, apresentadas de forma agregada ao desenvolvimento globalizado da juventude por meio do componente curricular Empreendedorismo. Nessa iniciativa, temos parceiros como Sebrae e Instituto Ayrton Senna, que oferecem desde o material de ensino até a qualificação de professores.

A linha amadurece e potencializa o currículo básico da rede estadual de educação: inglês, por exemplo, teve incremento de 100%, e língua portuguesa recebeu um acréscimo de 30% em sua carga. Já na área da Matemática foi feito um acréscimo de 30%. Além disso, ampliamos em 100% a carga de Ciências Humanas e Sociais, e já começamos a adotar a Sociologia e a Filosofia.

Estamos aproveitando muitas vezes estruturas do passado, que estavam ociosas, como dezenas de CIEP's. Assim, o projeto também é uma ação de resgate de patrimônios subutilizados.

A educação Integral no Estado do Rio de Janeiro vem seguindo uma escala de evolução que vai ao encontro dos ideais de Darcy Ribeiro e Brizola quando criaram os "CIEPS's-Brizolões": "Oferecer ensino público de qualidade em período integral aos alunos da rede estadual".

 

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