Publicado 13/01/2022 05:00
Confesso que não entendi direito o que seria esse tal de novo normal a que todo mundo se refere na pandemia. A princípio, pensei numa situação acabada a qual teremos que nos adaptar em função das lições aprendidas. Algo do tipo continuar usando para sempre álcool em gel e máscara em lugares fechados com aglomeração, parar de destruir a natureza em função dos efeitos nefastos, incluindo o risco de novas pandemias. Depois, entendi que estava sendo otimista ou ingênuo demais em meu conceito.
Construí, a seguir, a ideia de que o novo normal seria um mundo para sempre pandêmico no qual viveríamos eternamente afastados e usando máscaras. Essa crença durou até que conversei com uma pesquisadora que me explicou que uma pandemia somente tem fim quando se conhece o suficiente o microrganismo que a provoca ao ponto de controlá-lo, ponto do qual parece que ainda estamos longe, em função do aparecimento de novas variantes.
A partir daí, o novo normal passou a ser, na minha cabeça, o tempo que teremos que continuar tomando todos os cuidados até que o tal vírus seja conhecido e dominado. Esse conceito me preocupa porque isso depende da colaboração da maioria esmagadora da humanidade o que, a cada dia mais, me parece inviável.
Será que já estamos no novo normal e não nos demos conta?
Será que já estamos no novo normal e não nos demos conta?
Sou professor de Ensino Básico e formador de professores. Enquanto professor, já me adaptei a pedir que ajeitem as máscaras e se afastem diante de uma súbita aglomeração momentânea. Enquanto palestrante
já me acostumei a me afastar da plateia ao tirar a máscara para falar melhor ao microfone ou a usar máscaras mais seguras durante os voos em deslocamentos.
já me acostumei a me afastar da plateia ao tirar a máscara para falar melhor ao microfone ou a usar máscaras mais seguras durante os voos em deslocamentos.
Será que isso já é o novo normal? Atualmente penso que o novo normal é exatamente isso: viver na expectativa de como será viver num mundo pós pandemia, enquanto aguardamos que todos se convençam
que precisam colaborar para que esse mundo se estabeleça.
que precisam colaborar para que esse mundo se estabeleça.
Acho que o grande desafio de educar nesse período é exatamente ser ativo no sentido de ampliar essa tão necessária consciência colaborativa. Educar para que os futuros adultos equilibrem melhor suas necessidades individuais com as necessidades coletivas e compreendam que as demandas coletivas interferem muito mais nas demandas individuais do que o contrário. Educar para a compreensão de que o todo é muito maior do que a soma das partes.
Júlio Furtado é professor e escritor
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