Publicado 23/02/2022 05:00
No dia 24 de janeiro tivemos, infelizmente, mais uma prova de que o Brasil não é um país cordial, não é um país onde paira a democracia racial e religiosa e nem muito menos um país da tolerância e do respeito.
O cruel assassinato do jovem Moïse Mugenyi Kabagambe, de nacionalidade congolesa, nos revelou, mais uma vez, que o poço das intolerâncias é muito mais profundo do que supõem e conjecturas a sociedade brasileira. Um poço tão profundo construído e constituído durante séculos pelo racismo e pelas que ainda hoje são alimentados pelas necropolíticas estruturam às nossas relações sociais, econômicas e culturais.
Como bem é possível compreender, através das literaturas especializadas sobre as relações raciais no Brasil, o racismo, e aqui especificamos - “à brasileira”, ensinou para a nossa sociedade, e também para o resto do mundo, que os nossos corpos pretos são passíveis de qualquer tipo de violência, seja ela física, psicológica e/ou patrimonial.
E é esse mesmo racismo que fabricou as narrativas históricas distorcidas sobre as relações de cordialidades e igualdade do Brasil com os países africanos, principalmente com o país os quais a sociedade brasileira escravista teve outrora uma relação de tráfico de pessoas pretas vinda das regiões africanas na condição de escravizados. Destarte, carregado de brutalidade e selvagerias o episódio do assassinato do jovem Moïse retrata não só uma das inúmeras memórias da violência históricas colonial quão também evidencia que os olhares desumanizadores sobre os corpos pretos ainda são usados como crivos de leituras sociais sobre quem deve morrer e quem pode viver.
Ora, uma necropolítica racializadora, se assim podemos dizer, e pontuar que se alimenta da exaltação do passado colonial e inviabiliza os nossos lugares e direitos dentro da sociedade brasileira. De sujeito de suas histórias, Moïse Mugenyi Kabagambe passou a ser “objeto” dentro das estáticas de criminalidade contra pessoas pretas no Brasil, que ao invés de promover ações de erradicação do racismo e das intolerâncias ainda escolhe viver sobre o mito da democracia racial e da cordialidade.
Fica cada vez mais difícil, para nós, pessoas pretas, darmos os próximos passos se as estruturas racialistas ainda continuam nos matando.
O cruel assassinato do jovem Moïse Mugenyi Kabagambe, de nacionalidade congolesa, nos revelou, mais uma vez, que o poço das intolerâncias é muito mais profundo do que supõem e conjecturas a sociedade brasileira. Um poço tão profundo construído e constituído durante séculos pelo racismo e pelas que ainda hoje são alimentados pelas necropolíticas estruturam às nossas relações sociais, econômicas e culturais.
Como bem é possível compreender, através das literaturas especializadas sobre as relações raciais no Brasil, o racismo, e aqui especificamos - “à brasileira”, ensinou para a nossa sociedade, e também para o resto do mundo, que os nossos corpos pretos são passíveis de qualquer tipo de violência, seja ela física, psicológica e/ou patrimonial.
E é esse mesmo racismo que fabricou as narrativas históricas distorcidas sobre as relações de cordialidades e igualdade do Brasil com os países africanos, principalmente com o país os quais a sociedade brasileira escravista teve outrora uma relação de tráfico de pessoas pretas vinda das regiões africanas na condição de escravizados. Destarte, carregado de brutalidade e selvagerias o episódio do assassinato do jovem Moïse retrata não só uma das inúmeras memórias da violência históricas colonial quão também evidencia que os olhares desumanizadores sobre os corpos pretos ainda são usados como crivos de leituras sociais sobre quem deve morrer e quem pode viver.
Ora, uma necropolítica racializadora, se assim podemos dizer, e pontuar que se alimenta da exaltação do passado colonial e inviabiliza os nossos lugares e direitos dentro da sociedade brasileira. De sujeito de suas histórias, Moïse Mugenyi Kabagambe passou a ser “objeto” dentro das estáticas de criminalidade contra pessoas pretas no Brasil, que ao invés de promover ações de erradicação do racismo e das intolerâncias ainda escolhe viver sobre o mito da democracia racial e da cordialidade.
Fica cada vez mais difícil, para nós, pessoas pretas, darmos os próximos passos se as estruturas racialistas ainda continuam nos matando.
Ivanir dos Santos é babalawô, professor e orientador no Programa de Pós-graduação em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ).
Mariana Gino - Profª. Doutoranda Secrétaire Générale du Centre International Joseph Ki-Zerbo pour l'Afrique et sa Diaspora/N'an laara an saara. (CIJKAD-N).
Mariana Gino - Profª. Doutoranda Secrétaire Générale du Centre International Joseph Ki-Zerbo pour l'Afrique et sa Diaspora/N'an laara an saara. (CIJKAD-N).
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