Publicado 05/03/2022 06:00
Há pouca dúvida sobre a importância dos investimentos em infraestrutura (transportes, energia, portos etc.), serviços cruciais para a evolução de qualquer Economia - inclusive pelos ganhos de produtividade que eles ensejam -, mas que não podem ser adquiridos alternativamente no exterior. A propósito, um estudo do Banco Mundial sobre o tema traz gráficos impressionantes, que demonstram, estatisticamente, para uma amostra gigantesca de países em um dado instante do tempo, que quanto maior e de melhor qualidade o investimento em infraestrutura, maior é o crescimento do PIB e menos desigual a distribuição de renda.
Isso não basta? Ocorre que existe um forte e injustificável (na extensão em que se mostra) viés contrário a gasto público nos últimos anos, acentuado na atual gestão, e o setor privado, de outra parte, só entraria mais nesse complexo setor, se houvesse maior atratividade relativa (algo bastante escasso por aqui), pois é sempre possível encontrar melhores hipóteses de inversão em outros segmentos (ou até países), e por elas se decidir.
Outro equívoco que caracteriza os dias de hoje é considerar que a principal razão para o espaço para investimento nos orçamentos públicos ser reduzido, é devido a uma disputa feroz e injustificada por recursos com gastos assistenciais indispensáveis tipo Bolsa-Família. Dado um certo endividamento público, a briga feroz que se dá, na verdade, é com outros “donos do orçamento”, especialmente as aposentadorias e pensões de servidores públicos que dispararam nos últimos 15 anos.
O que demonstram os nossos dados mais relevantes sobre o assunto? Primeiro, que, para um período suficientemente longo, há, de fato, uma forte correlação entre a evolução da taxa de crescimento do PIB e a da razão (investimento em infraestrutura)/PIB, ou seja, da taxa de investimento em infraestrutura. Depois, o que se nota é que tal taxa de investimento tem caído juntamente com o crescimento do PIB desde meados dos anos 1970.
Outro equívoco que caracteriza os dias de hoje é considerar que a principal razão para o espaço para investimento nos orçamentos públicos ser reduzido, é devido a uma disputa feroz e injustificada por recursos com gastos assistenciais indispensáveis tipo Bolsa-Família. Dado um certo endividamento público, a briga feroz que se dá, na verdade, é com outros “donos do orçamento”, especialmente as aposentadorias e pensões de servidores públicos que dispararam nos últimos 15 anos.
O que demonstram os nossos dados mais relevantes sobre o assunto? Primeiro, que, para um período suficientemente longo, há, de fato, uma forte correlação entre a evolução da taxa de crescimento do PIB e a da razão (investimento em infraestrutura)/PIB, ou seja, da taxa de investimento em infraestrutura. Depois, o que se nota é que tal taxa de investimento tem caído juntamente com o crescimento do PIB desde meados dos anos 1970.
Finalmente, a taxa de investimento privado tem estado estagnada em torno de 1,1% do PIB desde o início dos anos oitenta, enquanto a taxa relativa ao público tem desabado seguidamente no mesmo período, caindo cerca de sete vezes, de 5,1 para 0,7% do PIB, comparando o final dos anos 1980 com 2018.
Conclusão: se queremos que o país cresça, é preciso que a taxa de investimento em infraestrutura aumente, seja ela de origem pública ou privada, mas em um primeiro momento há mais que contar com o público, já que uma resposta mais rápida do lado privado dependeria de mudanças estruturais de difícil absorção interna.
Por mais que autoridades governamentais do momento anunciem que os investimentos privados em infraestrutura estariam vindo aos borbotões, isso é algo que as estatísticas não confirmam, sendo talvez apenas uma forma de encobrir o claro viés anti-investimento público do atual governo.
Por mais que autoridades governamentais do momento anunciem que os investimentos privados em infraestrutura estariam vindo aos borbotões, isso é algo que as estatísticas não confirmam, sendo talvez apenas uma forma de encobrir o claro viés anti-investimento público do atual governo.
Nesse sentido, tendo em mente o objetivo de crescer mais e gerar mais empregos, penso que, no curto prazo, seria mais proveitoso fazer um esforço concentrado em prol da abertura de um maior espaço via ajuste previdenciário.
Raul Velloso é consultor econômico
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