Publicado 09/03/2022 05:00
Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgado recentemente revelou que alunos das escolas públicas brasileiras estudaram quase 50% menos durante a pandemia. Os mais penalizados foram os mais pobres e negros/as. Entre os alunos cujas famílias são beneficiárias do bolsa-família, o número de horas diárias dedicadas aos estudos despencou de 4 horas e um minuto para 2 horas e um minuto.
Na mesma direção, um relatório conjunto do Unicef, Unesco e Banco Mundial sobre Educação durante a pandemia alerta para possíveis “perdas irreparáveis” no desenvolvimento educacional de países como o Brasil e adverte sobre os enormes prejuízos que os déficits de aprendizagem devem acarretar sobre o rendimento dos alunos mais afetados pela interrupção das atividades escolares.
Esses diagnósticos devem ser lidos com máxima atenção por parte das autoridades públicas responsáveis pelas políticas educacionais. Eles não devem ser subestimados e tampouco nos levar a uma situação de perplexidade e paralisia. A hora é de agir. O momento exige que todos os segmentos da sociedade arregacem as mangas para produzir soluções para a Educação.
Dentre os principais desafios, a recuperação das aprendizagens se destaca. É preciso organizar um grande esforço de mobilização nacional em torno de uma agenda de reforço escolar massivo, capaz de viabilizar programas locais de aprendizagem intensiva. A União e os estados devem apoiar os municípios no desenvolvimento desses programas que podem – e devem – contar com o apoio sistemático das instituições de Ensino Superior.
Dar início a um grande mutirão nacional voltado à recuperação de conteúdos e massificação do reforço escolar é, portanto, um dos principais desafios para o país nos próximos anos. As universidades podem oferecer suporte técnico, produzindo análises e diagnósticos periódicos, além de mobilizar formandos para apoiar o trabalho nas escolas.
A ampliação do tempo dedicado aos estudos é outro desafio. O aumento da oferta de Educação integral se tornou urgente. E, finalmente, a inclusão digital de alunos e professores é uma agenda que se manterá atual no pós-pandemia.
A partir desses pressupostos, o município de Niterói busca oferecer respostas consistentes aos efeitos da pandemia sobre a escola pública. A colaboração da sociedade e a reafirmação de nosso compromisso com a aplicação dos percentuais constitucionais em Educação completam nossa estratégia voltada à recuperação das aprendizagens e defesa do direito à educação na cidade. Acreditamos que é possível vencer essa batalha e assegurar o desenvolvimento educacional do país nos próximos anos.
Mas será preciso elevar nosso senso de urgência e agir decididamente no sentido de apoiar o trabalho de nossos educadores em cada cidade e em cada escola deste país. Não há tempo a perder.
Vinícius Wu é secretário municipal de Educação de Niterói
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